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Vendas em alta; futuro incerto

Por Redação
22/11/2008 • 07h00
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O descompasso entre a economia internacional e a brasileira leva a interpretações erradas. E pior: decisões erradas. As vendas do comércio em setembro foram altas e parecem confirmar a idéia de que somos inatingíveis. Não somos. As vendas de carros estão despencando, e isso faz Brasília reagir como se o país estivesse em recessão. Não estamos. Brasil e mundo vivem momentos diferentes da crise.
As vendas de carros continuam em queda e o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, acha que novembro fecha pior do que outubro, que já teve queda de 13,8% em relação ao mês anterior. Mas o setor cresceu 32% no primeiro quadrimestre e terminará o ano com forte crescimento ainda.
O país entrou neste ano acelerando muito, mas a economia americana já havia começado a ser afetada no ano passado pela crise do subprime. Estava escrito que a crise financeira chegaria à economia real e isso nos afetaria. A quebra do Lehman Brothers precipitou tudo e provocou o colapso do mercado de crédito no mundo a partir de setembro. Em seguida, o Brasil foi sacudido por uma onda formada aqui mesmo, a dos derivativos cambiais.
Na quarta-feira (19), o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Comércio, mostrando que continuram aumentando as vendas do comércio varejista até setembro. Naquele mês, em São Paulo, por exemplo, o aumento sobre setembro do ano passado foi de 12,3% no volume de vendas, e o acumulado do ano no Estado foi de 13,9%. O Bradesco divulgou também esta semana que o crédito à pessoa física termina o ano com alta de 14,5%. Nada é crise, mas é retrato do passado.
Já há quem diga que o primeiro trimestre do ano que vem será mais difícil, principalmente se o Natal for fraco e as empresas acumularem estoques. Haverá uma pressão sobre o governo por abrir o caixa dos bancos públicos para manter o consumo, e quem tiver mais poder de lobby terá o quinhão maior do balcão dos favores. O ideal seria o governo ter estratégia, indicadores antecedentes e uma visão precisa da diferença de natureza da nossa crise e da deles; fugindo tanto da síndrome da marolinha quanto da síndrome do tsunami.

Miriam Leitão

 

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