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Paranaíba, 26 de abril

'Funk, bebida e droga', desabafa professora sobre escolas públicas

Professora afirma que já teve carro riscado, que alunas erguem camisetas para dançar e que já se deparou com alunos embriagados e com cheiro de maconha em sala de aula

Por Leonardo Guimarães
22/08/2017 • 18h41
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Uma professora da rede pública de ensino de Paranaíba (MS) afirmou nesta terça-feira (22) que a situação do ensino público no Brasil, em especial em Mato Grosso do Sul é preocupante. Em conversa com o JPNEWS a professora, que pediu para ter sua identidade preservada por medo de retaliações e represálias, afirmou que a realidade das salas de aula é de “funk, bebida e drogas”.

A funcionário pública que leciona para alunos de 13 a 17 anos em sua maioria, relata situações do dia-a-dia em sala de aula, mais frequentemente durante a noite, e afirma que o fato ocorrido com a professora Márcia Friggi, de 51 anos, agredida com socos após expulsar um aluno de sala de aula em Idaial (SC), não é uma realidade distante das escolas de Paranaíba.

“Para começar, não há como conter o uso dos celulares em sala de aula; o que na maioria das vezes é utilizado pelos alunos para troca de mensagens nas redes sociais e compartilhamento de todos os tipos de arquivos. Uma vez tive de suspender uma aula por conta de um aluno que mostrava vídeos pornográficos para os colegas em alto e bom som”, afirma a professora.

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Sobre exercer autoridade dentro de sala, ela afirma que é impossível. “A palavra obediência não existe. São poucos os alunos que respeitam quando chamamos atenção ou damos algum tipo de ordem. A maioria simplesmente ignora, e até zombam quando pedimos silêncio ou afirmamos que eles estão sujeitos a advertência e suspensão ”, disse.

Ainda segundo ela, as situações não se resumem a sala de aula, mas se estendem aos intervalos e antes e depois das aulas. “No intervalo, quando não colocamos o som da instituição, os alunos usam os celulares para tocar funks com letras apelativas de cunho sexual explícito; alunas chegam a levantar as camisetas do uniforme até a altura da barriga e dançam sem nenhum constrangimento no pátio da escola, enquanto os garotos filmam e incentivam. Em alguns casos simulam o ato sexual, com as chamadas ‘sarradas’. Já me deparei com alunos chegando em sala de aula com cigarro de maconha e/ou embriagados.”, afirmou.

Perguntada sobre o motivo de não denunciar publicamente a situação revelando nomes, ela reafirmou ter medo. “Meu carro já foi riscado e teve o pneu furado por alunos que apliquei advertências ou chamei atenção por atrapalharem as aulas. Diretores, professores e funcionários das escolas sabem dessa situação, mas não há o que fazer. Corremos risco de sofrer retaliação tanto por parte da instituição, quanto por parte dos alunos”, reiterou.

Sobre o futuro, a professora se diz pessimista e espera chegar a se aposentar. “É uma tristeza muito grande ver a situação do ensino público atual. Jovens e adolescentes que não sabem interpretar um texto ou fazer um simples cálculo estão ingressando nas universidades semianalfabetos, perpetuando os piores índices nas avaliações da Educação no mundo. Tomo antidepressivos há alguns anos; só espero conseguir me aposentar”, finalizou.

Sobre as danças, em uma rápida busca na internet com a frase chave "funk em escolas", é possível encontrar um vasto material de fotos e vídeos que comprovam, a nível de Brasil, a situação descrita pela professora paranaibense. Salas de aula com crianças e adolescentes transformadas em bailes funk. Em inúmeros casos, apresentações curriculares de alunos com roupas e coreografias sensuais acompanhadas pelos próprios professores.

 

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