RÁDIOS
Paranaíba, 19 de março

Pacientes com câncer pedem carona após ambulância ficar sem combustível

Motorista afirmou que prefeitura não repassa dinheiro extra para imprevistos eventuais e que teve medo de abastecer do próprio bolso

Por Leonardo Guimarães
14/08/2018 • 20h55
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Paranaibenses que fazem tratamento no Hospital do Câncer, localizado no município de Barretos (SP), procuraram a redação do JPNEWS para denunciar as péssimas condições em que são transportados. Ambulância sem cinto de segurança, vans sem refrigeração e até falta de combustível, está seria a realidade vivida por estes pacientes em suas viagens nos veículos contratados ou de propriedade da prefeitura. Por questões de segurança e por medo de represálias os pacientes pediram para terem suas identidades preservadas.

“A gente estava vindo de Barretos, passando por Minas, por ser mais perto e menos trânsito. Em determinado local o motorista falou que o combustível não daria para chegar em Paranaíba. Como de fato não deu. Já era noite, por volta das 22h, e nós ficamos na estrada.”, afirmou um dos pacientes. O fato teria ocorrido há um mês, aproximadamente.

Os ocupantes da ambulância da prefeitura, acompanhantes e pacientes que haviam acabado de serem submetidos a sessões de quimioterapia e/ou radioterapia, foram obrigados a descer do veículo e pedir carona às margens da rodovia. Fazia frio, informaram. “Ficamos lá à deriva. Passava caminhão, carros e a gente pedindo carona. Estava bastante frio. Ninguém parava. Até que passou um carro pequeno e parou.” Afirmou um dos ocupantes em tratamento.

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Ainda de acordo com o paciente, o problema só foi resolvido com a presença do responsável pelo agendamento do transporte, que foi levado pelo motorista que havia oferecido ajuda até o local onde a ambulância estava.

“O motorista que parou veio até Paranaíba com o motorista da ambulância, procurou o Lúcio, que é o responsável, pegou ele e levaram combustível para que a gente pudesse chegar.”, disse.

Na ambulância havia quatro pessoas, entre acompanhantes e pacientes em tratamento. Um deles teria chegado a passar mal. “Tinha três pessoas atrás e um na frente. Um senhor que ta fazendo radioterapia e quimioterapia, uma senhora deitada e eu e mais um que era acompanhante. O paciente de rádio sentiu-se mal. Sentiu muita dor. Então demos comprimidos para ele.”, contou uma das usuárias do transporte.

Sem cinto de segurança, a pessoa que veio na parte de trás da ambulância precisava se apoiar nas laterais do veículo para não cair. “Não tem conforto nenhum. Não tem cinto de segurança. Tem uma maca e um banquinho para ficar sentado se apoiando como der, para não se debater.”, contou um dos pacientes.

O grupo relatou medo e sentimento de completo desrespeitdo. “Você já está numa situação dessa. Enfrentando uma doença como essa, e ainda passa por isso. A gente sentiu medo, passamos frio. Poderíamos ser assaltados. Poderia acontecer qualquer coisa.”, afirmaram os integrantes.

Ainda de acordo com o grupo, o motorista relatou que ao notar que o combustível não seria suficiente para chegar até Paranaíba, ele contou aos os demais ocupantes que não havia uma verba disponibilizada pela prefeitura para que ele viajasse e usasse em imprevistos. “O motorista disse que até tinha um dinheiro dele, mas não abasteceria por medo de a prefeitura não repor. O que lhe faria falta”, contaram.

Segundo o motorista, relataram os pacientes, todo dinheiro do próprio bolso que ele havia gasto em situações eventuais nunca havia sido resposto pela prefeitura. O que foi negado pelo responsável pelo agendamento das viagens.

Sobre as vans terceirizadas que também fazem o transporte, o grupo afirma que passam calor durante as viagens. “As vans não tem ar-condicionado. Ou você abre a janela e aguenta aquele vento no rosto, quando você pode ter acabado de passar por uma quimioterapia e está passando muito mal, ou vem morrendo de calor dentro dos veículos”, contaram os pacientes.

Todos os dias pessoas, entre paciente e acompanhantes, são transportadas para tratamentos em Barretos ou São José do Rio Preto, também no interior de São Paulo. Os veículos saem da rodoviária municipal de Paranaíba durante a madrugada, por volta das 2h.

A reportagem tentou entrar em contato com a secretária de Saúde, Débora Queiroz, mas, de acordo com sua assessoria ela estava em reunião e retornaria as ligações assim que fosse possível.

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