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POLÍCIA

Com aquartelamento de praças, oficiais vão para as ruas

Cabos e soldados da Polícia Militar iniciaram, ontem, paralisação por sistema de aquartelamento

Por Arthur Freire
22/05/2013 • 08h48
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Graduados e oficiais da Polícia Militar – sargentos, subtenentes e tenentes – tiveram que ir para as ruas para garantir a segurança da população em boa parte de Mato Grosso do Sul. A medida visa suprir a deficiência gerada com o aquartelamento de cabos e soldados, que se iniciou ontem em boa parte do Estado. O sistema de aquartelamento é semelhante ao de uma paralisação comum, porém, como os militares são proibidos de entrar em greve geral, eles permanecem nos quartéis.
 
Em Três Lagoas, a paralisação teve início por volta das 11h. Segundo o sindicalista , Ramão Ribeiro Massena, pela manhã os soldados chegaram a ir para as ruas, mas assim que retornaram do horário de almoço, deram início à paralisação. Ao retornarem, as viaturas foram aplaudidas pelos policiais militares que já haviam dado início ao movimento. 
 
“Cerca de 80 cabos e soldados estavam no quartel pela manhã [de ontem]. O número total de cabos e soldados, porém, é bem maior que esse. Mas foi uma manifestação tranquila e pacífica, até mesmo porque somos militares e temos que dar exemplo, prezando sempre a ordem e a disciplina”, disse.
Massena explicou que a adesão ao movimento de aquartelamento foi total em Três Lagoas, resultado já esperado pela Associação de Cabos e Soldados de Mato Grosso do Sul (à frente da paralisação). “Pelo passado que temos, já esperávamos essa adesão no interior de cabos e soldados. A nossa dúvida era em relação a Campo Grande, mas, pelas informações que tive, o movimento também teve forças na capital. E este número pode aumentar ainda mais. Existe um comentário de que a classe de sargentos também pretende aderir ao aquartelamento”, completou.
 
A patente de sargentos e subtenentes militares possui associação própria, que fechou acordo com o governo estadual na semana passada. Entretanto, o acordo de reajuste salarial não teria agradado a toda classe.
 
NOVAS NEGOCIAÇÕES
Em Campo Grande, a Associação de Cabos e Soldados participou da sessão na Assembleia Legislativa pela manhã e deu início, logo em seguida, a uma nova rodada de negociações com o governo do Estado. “Estamos aguardando o resultado dessa reunião. Caso seja apresentada uma nova proposta, será marcada outra assembleia geral com os policiais, em Campo Grande, para votá-la. Até lá, o aquartelamento continua”, esclareceu Massena. A entrevista foi concedida ao Jornal do Povo antes do resultado da reunião em que o governo do Estado ofereceu 1% a mais de reajuste – o que foi recusado pela classe.
 
Conforme o policial militar, estima-se que hoje 70% do efetivo da PM seja composto por cabos e soldados.
 
SEGURANÇA
O tenente-coronel Wilson Sérgio Monari garantiu que, mesmo que não haja acordo, a população não ficará desassistida pela PM. “Não recebi nada oficial do Comando Geral da PM. Mas, nós já estamos com equipes montadas com sargentos, subtenentes e tenentes nas ruas para garantir que o policiamento não seja prejudicado. A população pode ficar tranquila. Além disso, nos casos mais graves, teremos o suporte deles [cabos e soldados que estão aquartelados”, afirmou o oficial.
 
A garantia também foi dada pela Associação de Cabos e Soldados. Segundo Massena, crimes como homicídios, tentativas de homicídio, roubos com cárcere privado e sequestros, serão atendidos pelos cabos e soldados. “Esse não é um movimento que gostaríamos de fazer, também temos família. Trata-se do último recurso que temos”, disse.
 
 
Policiais alegam não receber fardamento há seis anos
 
Além do reajuste salarial de, pelo menos, 17% do vencimento de um coronel, a classe ainda pede melhores condições de trabalho. Conforme a Associação de Cabos e Soldados, a tropa não recebe novo fardamento há seis anos. “Um policial precisa de pelo menos dois pares de farda por ano. Nossa farda é azul-marinho e desbota com facilidade depois de muito uso. Por conta disso, ele paga do próprio bolso”.
 
A classe usou a farda para comparar com o reajuste. Hoje, segundo o policial Ramão Massena, uma farda não sai por menos de R$ 300. Em contrapartida, o reajuste do governo estadual para este ano corresponde a R$ 154 bruto para o soldado (7% de aumento). Pela proposta do governo do Estado, o reajuste dos trabalhadores seria parcelado: 7% neste ano, 8% em 2014 e 20% em 2015 para soldados. (R.P.)
 

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