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POLÍCIA

"Pó" representa 80% das apreensões de drogas

"As drogas existentes são para o baixo clero", observou o Tenente-coronel Washington.

Por Redação
19/12/2008 • 06h10
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As estatísticas do 2º Batalhão da Polícia Militar confirmam uma realidade preocupante: Três Lagoas está dominada pelos subprodutos da cocaína. A corporação está prestes a encerrar o ano com o saldo de mais de 200 bocas de fumo fechadas. Quase 80% das apreensões foram de cocaína e seus derivados. Porém, segundo o comandante da PM, tenente-coronel Washington Geraldo de Oliveira, este número pode aumentar ainda mais. “Atingimos o total de 200 bocas fechadas e o ano nem acabou ainda”, comentou.
Conforme o quadro de apreensões, os policiais militares apreenderam, apenas em 2008, os totais de 190 trouxinhas de maconha, 762 papelotes de cocaína, 68 papelotes de pasta base, 297 pedras de crack e 38 papelotes de zuca (sub-produto do crack).
O número de pontos de tráfico de drogas descobertos pela polícia aumentou em relação ao ano passado. Em 2007, a PM não chegou a fechar 180 bocas, o que corresponde a um aumento de cerca de 20% nas prisões por tráfico.
Para o comandante, o aumento das estatísticas é resultado do alto índice de consumo. “Três Lagoas não é rota. Corumbá é rota do tráfico. A droga passa por lá e os traficantes deixam um pouco e seguem. A nossa cidade nem é tão interessante para os traficantes, porque  há poucas cidades próximas e há também a ponte que serve como barreira. Aqui é uso. A droga vem para abastecer os viciados locais, com subprodutos da cocaína, já que aqui não há cocaína pura. As drogas existentes são para o baixo clero”, observou.
E ele completa: “E ano que vem serão 300 bocas. Não adianta. Nós prendemos, fechamos a boca, tem semanas que são três apreensões por dia, mas a sociedade continua usando. Resultado? Estes mesmos traficantes voltam, é a lei de mercado. Enquanto tiver gente cheirando por aí, o tráfico de drogas não vai acabar”, enfatiza.
Washington Geraldo também critica a legislação atual. Para ele, enquanto o usuário for tratado como “doente”, o tráfico de drogas está longe de acabar no Brasil. “O viciado é o maior responsável pelo tráfico porque ele é quem financia a violência. Por conta disto, ele tem que ter o mesmo tratamento que o traficante”, observou.

VIOLÊNCIA


Conforme o tenente-coronel, todos os crimes que ocorrem em Três Lagoas estão relacionados ao tráfico de drogas. “Todos, sem exceção”, enfatiza. Os furtos, explica ele, são praticados por usuários, para comprar a droga. Já os roubos são praticados a mando dos próprios traficantes, “quando estes têm prejuízo, como ter a mercadoria apreendida e eles têm que pagar o fornecedor, por exemplo”, completou.
Em relação ao perfil dos traficantes existentes em Três Lagoas, Washington explica que a maioria é do mais baixo escalão na hierarquia do tráfico. “Como já disse, Três Lagoas não é interessante para os grandes traficantes. O que há aqui são pequenos funcionários de alguém maior, ou aqueles que se iludem achando que irão ganhar fortunas, virar milionário, o que, mesmo se isso acontecer, ele nunca poderá usufruir esse dinheiro. Se usar, é preso. Isso se não for morto antes”, alertou.

ESCOLAS


Mas nem tudo está perdido. Um dos pontos positivos destacados pelo comandante foi o fim do tráfico de drogas nas escolas. De acordo com ele, no começo desse ano era alto o índice de venda e consumo de drogas em colégios da Cidade. “Eram alunos, ambulantes que, na verdade, estavam traficando nas portas dos nossos colégios. De março a junho, 40% do que era apreendido, era encontrado nas escolas. Depois disso, podemos dizer que, pelo menos nas escolas, não há mais tráfico de drogas”, disse.
A atenção especial para os colégios do Município foi dada por conta de outro levantamento importante: é cada dia maior o número de crianças e adolescentes já usuários de drogas. Hoje, a cidade já conta com adolescentes de 12, 14 e 15 anos que são dependentes químicos. “Por isso que não podemos acabar com projetos como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência) para evitar que estas crianças entrem no mundo das drogas, porque depois, é difícil tira-las”, comentou.
E o comandante alerta que o combate às drogas não pretende parar. “A situação ainda é controlada. Mas enquanto houver uso, enquanto houver bocas, a gente vai fechando. Nunca acaba”, finalizou.

 

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