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Polícia revela como funcionava esquema do Líder Cabral

Preso na última quarta-feira (14) no Paraná, Cabral, segundo as investigações, era o principal fornecedor da droga para o Brasil

Por Redação
19/07/2010 • 10h07
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O traficante paraguaio Carlos Arias Cabral, de 38 anos, conhecido como Líder Cabral, ou "Rei da Maconha", foi o responsável pelo envio de cerca de cem toneladas de maconha para o Brasil em 2009, de acordo com estimativa da PF (Polícia Federal), em Guaíra (PR). No entanto, apenas 32 toneladas foram apreendidas pela corporação.

Preso na última quarta-feira (14) no Paraná, Cabral, segundo as investigações, era o principal fornecedor da droga para o Brasil e inimigo do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, atualmente preso na penitenciária federal de Campo Grande (MS). Cabral foi levado para o presídio de Catanduvas (PR).

De acordo com a PF, em média, Cabral traficava cargas de cinco toneladas de maconha em caminhões que transportavam materiais lícitos - como ração animal, madeira, milho, adubo - e, a cada quilo que comprava, multiplicava seu lucro em até dez vezes. Ele adquiria a maconha de produtores no Paraguai pagando entre R$ 20 a R$ 30 o quilo, e a revendia para traficantes paulistas e cariocas por R$ 250 o quilo. A PF chegou a apreender cargas de oito e até 12 toneladas de maconha pertencentes ao criminoso.

A maconha de Cabral, segundo as investigações, entrava no país pela cidade paranaense de Pato Bragado, que fica perto de Puerto Marangatu, no Paraguai, onde o bandido tem uma fazenda. De lá, a carga passava pela rodovia BR-277 e chegava a Curitiba, de onde o entorpecente era despachado para São Paulo. O esquema contava com a ajuda de um policial rodoviário federal, já preso, que fornecia informações à quadrilha sobre o policiamento na estrada. O policial também fazia a escolta da carga.

Assim que chegava a São Paulo, a droga ia para uma chácara em um município ainda não identificado pela polícia e, dali, era distribuída para os "traficantes varejistas". Uma parte ia para Juiz de Fora (MG), para uma traficante conhecida como Prima, que foi presa. Ela ficava encarregada de enviar a maconha para os traficantes de morros cariocas e de facções criminosas.

Segundo investigação da polícia, Cabral também já começava a investir na distribuição de pasta-base de cocaína. Em um ano, os agentes federais descobriram que pessoas ligadas a ele trouxeram para o país 50 kg de crack e 51 kg de cocaína.

Mas essa trabalho ainda era apenas experimental porque ele estava com dificuldades de adquirir a droga com produtores da Bolívia devido a sua rivalidade com o criminoso conhecido como Carlos Antônio Caballero, o Capillo, que trabalha para a principal facção criminosa de São Paulo. Os dois são inimigos e, de acordo com a PF, um tenta matar o outro.

Identidade brasileira

Apesar de paraguaio, Cabral vivia na Argentina há pelo menos oito anos. Ele deixou o país após uma violenta batalha com Beira-Mar em janeiro de 2002. Na ocasião, a quadrilha do traficante fluminense invadiu a fazenda de Cabral em Capitan Bado e matou nove pessoas, entre elas, a mulher e o filho dele, de três anos. Nas semanas seguintes, houve mais 22 assassinatos em razão da guerra entre os dois grupos.

A partir daquele confronto, Cabral se tornou o principal fornecedor de maconha, mas continuou sendo ameaçado de morte pelo rival. Com isso, foi morar na cidade de Andresito, na Argentina, mas vinha constantemente ao Brasil, principalmente para as cidades paranaenses de Planalto e Capanema, e esteve no Rio de Janeiro em 2004. De acordo com a polícia, o criminoso tem, inclusive, uma identidade brasileira, tirada no Estado de Mato Grosso do Sul.

No dia de sua prisão, Cabral estava no Brasil porque vinha acompanhar um tratamento médico do filho no Paraná. Nas raras vezes que ia ao Paraguai, ficava em sua fazenda de Puerto Marangatu. Ao todo, foram presos dez membros da quadrilha.

Desde o final de 2009, as polícias paraguaia e brasileira já prenderam ao menos cinco grandes narcotraficantes que atuam na fronteira dos dois países. Além de Cabral, Jarvis Ximenes Pavão; Carlos Caballero, o Capillo; José Paulo Vieira de Mello, o Paulo Seco; e Erineu Domingo Soligo, o Pingo.
 
Permanecem foragidos outros barões do tráfico, como Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca; Fahd Jamil; e Juan Carlos Portillo, conhecido também como Carlos Pedro Juan. Ele é fornecedor em potencial de pasta-base de cocaína e tinha ligações com Líder Cabral.

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