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Guerreiro afirma que será Prefeito de Três Lagoas

O Jornal do Povo conversou com ele para saber dos seus projetos políticos

Por Arthur Freire
28/11/2012 • 08h22
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Ele obteve mais de 24 mil votos como candidato a prefeito de Três Lagoas nas eleições deste ano. Entrou na vida política a convite de uma liderança de partido em 2004, quando disputou a primeira eleição e foi eleito vereador com 1.365 votos. Dois anos depois, nas eleições de 2006, Guerreiro recebeu 10.065 como candidato a deputado estadual, porém não foi eleito. Já em 2008, pelo PDT, Ângelo foi reeleito com 2.611 votos, sendo o vereador mais votado.

Na segunda tentativa de chegar à Assembleia Legislativa, em 2010, Guerreiro recebeu 16.449 votos, sendo 14.603 somente em Três Lagoas, o mais votado no município. Apesar da votação expressiva, não foi eleito. Agora, já passado o “calor do processo eleitoral deste ano”, o Jornal do Povo conversou com ele para saber dos seus projetos políticos, já que deixa o Legislativo no final deste ano.

 Jornal do Povo: Passadas as eleições municipais como está o Ângelo Guerreiro?

Ângelo Guerreiro: No próximo dia 31, encerro o mandato de vereador de cabeça erguida. Na medida do possível, desempenhei o meu trabalho e com grande sucesso. Nos últimos anos, legislei na oposição, e acho que foi importante, porque mostramos as necessidades da população. Estarei fazendo minhas reivindicações até o término do mandato.

JP- O que destaca como aspecto positivo nesses oitos anos como vereador?
Guerreiro - O vereador não tem força de fazer obras, e muitas pessoas não têm esse conhecimento. No período de campanha, por exemplo, muitos candidatos a vereador fizeram promessas mirabolantes, as quais cabem apenas ao Executivo. Ser vereador é ter liberdade para mostrar as falhas e, hoje, poucos têm a liberdade de mostrar e cobrar os demais uma vez que estes pertencem à base aliada, e, por isso, estão engessados. Há vereador que usa a tribuna e diz que tem trabalhado muito na aprovação dos projetos para a instalação das indústrias, mas isso não é fazer nada mais que a obrigação. Ser vereador não é comparecer apenas à sessão de terça-feira, mas estar nos bairros constantemente ouvindo a população. As pessoas não têm obrigação de sair dos bairros para vir à Câmara e trazer suas reivindicações. Ao longo desses anos, eu fiz o meu papel com o gabinete volante. O meu papel eu desenvolvi, porém, não fiz mais que minha obrigação.

JP- O senhor esperava ter essa votação e perder as eleições com uma diferença considerada pequena?
Guerreiro- Eu sempre acreditei em mim, e esperava chegar à Prefeitura, pois tinha um objetivo. Entrei para ganhar, apesar de todas as dificuldades. Não havia sequer um cabo eleitoral na minha campanha, pois contei com a ajuda dos meus amigos e dos candidatos a vereador que não se venderam. Eu acreditava que seria prefeito. Não só acreditava, como acredito que vou ser prefeito de Três Lagoas. É como a semente de uma planta, não é com três meses que ela vai nascer e dar sombra. Umas demoram cinco anos e outras até mais. Da mesma forma não tenho pressa, pois enquanto Deus me der saúde estarei aqui defendendo a população três-lagoense. Não é porque eu não serei mais vereador a partir do próximo ano que deixarei de representar a população. Continuarei reivindicando e encaminhado ofícios aos departamentos competentes, já que todo cidadão brasileiro tem esse direito.

JP-Algumas pessoas o compararam ao Lula. O senhor acha que sua história pode ser como a dele, que disputou várias eleições até ser eleito?
Guerreiro - Por que não? Não basta sonhar, temos que trabalhar e lutar para que se torne uma realidade. O meu sonho é para se tornar uma realidade. Em momento algum, podemos discriminar as pessoas só porque não têm nível superior, como fizeram em Três Lagoas. Muitos aqui acham que são os donos da verdade e da cidade. A população é a verdadeira dona de Três Lagoas, pois é ela que paga os impostos.

JP-Aconteceu alguma coisa que te magoou durante o período eleitoral?
Guerreiro- Eu não esperava que pessoas estudadas e políticos experientes fossem ser tão baixos durante a campanha. Usaram vários tipos de ferramentas para denegrir minha imagem. Disseram várias coisas em palanques contra mim, mas me sinto vitorioso e não derrotado, porque eu não tive recursos, lutei contra um exército e, sozinho, tive essa votação. Para Três Lagoas isso é muito bom para quebrar um pouco desse império. Três Lagoas não é império de ninguém. O poder é passageiro, como uma folha de árvore. Algumas amadurecem e caem no tempo real, outras, conforme o vento cai verde, e algumas, conforme o vendaval arranca a árvore com raiz e tudo. Em Três Lagoas, essa árvore está prestes a cair, com raiz e tudo, devido à forma como as pessoas vêm conduzindo algumas coisas.

JP- E do senador Delcídio do Amaral, que havia anunciado apoio ao senhor, mas abandonou o barco, ainda há mágoas?
Guerreiro- O papel que ele fez não foi bonito, não para mim, mas para a população, pois muitos três-lagoenses eram, e outros ainda são admiradores dele. Na última hora, fazer o que ele fez, a população quer ouvir a justificativa dele. Não procede a justificativa de que falaram, que eu estava com Delcídio e com o Nelsinho, só porque o Jorge Martinho é parente dos  Trad. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Na verdade, isso foi uma manobra junto com o PMDB para me prejudicar. E eles conseguiram. O fato de ele não ter me apoiado envolveu várias questões e projetos futuros. Mas, eu posso dizer tranquilamente que não devo  a obrigação de uma vela para nenhum político. Dos 17 vereadores, talvez 70% têm compromisso com um representante político. Eu não. Agradeço a Deus por ter me dado forças para superar todas as acusações que vieram contra mim. E desejo a essas pessoas que Deus as possa perdoar e que iluminem os seus caminhos, porque o meu é sempre iluminado por Deus e pelo povo.

JP-O senhor acha que, se o senador tivesse te apoiado, teria vencido?
Guerreiro - Sem sombra de dúvidas. Ele mentiu para nós, para a população e para os partidos aliados. Não deu estrutura, deixou-nos sem combustível e sem munição para trabalharmos e desenvolver nossas ações. Não tivemos condições para contratar ninguém, diferente do que ocorreu do outro lado, no qual foi feito tanto derramamento de dinheiro. Bastava ter vindo da base nacional algum subsídio para que custeássemos alguns gastos, e certamente teríamos mais sucesso. Usaram de má fé. Não houve o transporte de várias pessoas da área rural, que ficaram sem transporte, porque tinham certeza de que de 70% a 80% seriam Guerreiro. Usaram todas as ferramentas contra mim, mas estou de cabeça erguida e feliz da vida.

JP-E como será o futuro político do Guerreiro a partir do ano que vem, sem mandato?
Guerreiro- O futuro pertence a Deus, não sei o que será. Antes, nas eleições passadas, tomava as decisões praticamente sozinho, mas, agora, tenho um grupo, o qual estarei ouvindo. Se o grupo achar viável, serei candidato a deputado em 2014 para representar Três lagoas.

JP- O senhor pretende montar um gabinete ou escritório para atender à população?
Guerreiro - Claro, mas eu já tenho montado o meu gabinete volante. Por que não um voluntário para ouvir as opiniões e sugestões da população? Não vai me tomar tempo nenhum. Posso mudar o horário de atendimento das 18 às 21 horas. Posso ser um vereador voluntário e sem subsídio, tranquilamente.

JP- O senhor pretende ter algum cargo público? Como pretende fazer para se manter?
Guerreiro - Eu não quero cargo político, e não preciso de cabide de emprego. Não preciso estar dependurado, pois eu gosto de produzir e trabalhar. Sou funcionário do povo até o dia 31. Depois disso, serei patrão de mim mesmo. Vendo calça e camisa, e tenho minhas funções. Trabalhar não é vergonha para ninguém. O prefeito de Água Clara veio conversar comigo e disse que teria uma secretaria disponível para mim, e gostaria que eu estivesse com ele. Agradeci, mas minha cidade é Três Lagoas, onde irei permanecer exercendo minhas funções.

JP-O senhor pretende continuar a sua vida normal, cuidando do seu rancho, fazendo seus eventos e vendendo suas roupas?
Guerreiro -Tranquilamente, pois sou o mesmo. Eu me adaptei a trabalhar com o povo e continuarei exercendo minha função. Com certeza, não há prefeito e secretários que irão me proibir de ir lá e protocolar um ofício.

JP-O senhor pretende retornar ao Legislativo como vereador?
Guerreiro- Nunca podemos dizer que não, mas confesso que o que eu tinha para fazer como vereador, já fiz. Sei o meu potencial e que posso fazer muito mais sem ser vereador.

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