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Doença ‘silenciosa’ pode até cegar

Saiba o que especialistas conhecem do glaucoma - uma enfermidade difícil de ser controlada por pacientes e até por médicos

Por Valdecir Cremon
28/05/2016 • 09h23
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Instituído por lei federal em 2002, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, 26 de maio, é uma data propícia às reflexões sobre esta doença. Prevenir a cegueira ainda é um dos grandes desafios da Oftalmologia.

“No Brasil, ainda não existe a consciência da gravidade do glaucoma” afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares.

O glaucoma faz parte de um grupo de doenças oculares que, gradualmente, “roubam a visão”, sem aviso prévio e sem sintomas.

A perda da visão é causada por dano no nervo óptico. Durante muito tempo, acreditou-se que a pressão intraocular alta era a principal causa desse dano ao nervo óptico. Embora a pressão intraocular alta seja um fator de risco, atualmente, é sabido que outros fatores também devem ser levados em conta.

DESAFIOS
O glaucoma é uma doença que apresenta desafios para o paciente e para o oftalmologista. Quando tratado em estágios iniciais, a perda da visão pode ser prevenida. Mas, estudos mostram que mais da metade dos pacientes não adere a planos de tratamento prescritos devido a fatores que incluem dificuldades em aplicar colírios, falta de educação sobre a medicação e esquecimento, disse a oftalmologista Márcia Lucia Marques.

Esperança
Diante de uma doença de manejo tão complexo, um novo dispositivo que libera lentamente a medicação diretamente na superfície ocular pode ser uma opção promissora para administração de colírios.

“Uma nova pesquisa revela que um anel de silicone medicinal colocado sobre a superfície do olho reduziu a pressão intraocular  em pacientes com glaucoma em cerca de 20%, ao longo de seis meses. A primeira pesquisa publicada sobre o tema é da Academia Americana de Oftalmologia”, diz Márcia Lucia Marques.

Oftalmologistas em 10 locais de todo os EUA testaram o anel em um ensaio clínico de fase 2 em pacientes com glaucoma ou hipertensão ocular. No estudo, 64 doentes receberam a inserção ocular tópica contendo a droga  bimatoprost. O grupo controle de 66 pacientes usava uma inserção  semelhante, sem nenhuma droga, mas, duas vezes por dia,  utilizava 0,5% de  timolol. A pressão ocular no grupo do bimatoprost caiu de 3,2 a 6,4 mmHg, ao longo de seis meses, em comparação com 4,2 a 6,4 mmHg com o grupo do timolol.

Segundo os autores, o dispositivo era bem tolerado e seguro, com uma elevada taxa de retenção de 89% para ambos os grupos, em seis meses. O anel ficou desalojado em 15 pacientes, mas foi substituído, em todas as vezes, permitindo que a terapia pudesse ser contínua. Alguns doentes tiveram coceira e vermelhidão nos olhos, o que não é incomum para pacientes que usam medicamentos.

Um estudo de fase 3 com um grupo maior de pacientes será feito ainda em 2016. O glaucoma continua a ser uma das principais causas de cegueira. Cerca de 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm a condição. No Brasil, a doença atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (cerca de 1 milhão de pessoas).

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