RÁDIOS
Três Lagoas, 18 de abril

8 de março: a aposta

Por Simone Tebet
07/03/2020 • 08h35
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Comemoro o Dia Internacional da Mulher deste ano com uma aposta!  Eu aposto - e tenho certeza de que vou ganhar – que, em 2020, teremos mais mulheres eleitas para as Prefeituras e Câmaras Municipais. Vou além, teremos ainda mais mulheres eleitas em 2022 para os Legislativos estaduais e federal e, também, para os executivos estaduais. 

Tenho certeza de que ganharei a minha aposta porque este é o primeiro ano em que as eleições municipais terão de cumprir a regra da destinação de 30% de recursos dos fundos eleitoral e partidário e do tempo de rádio e TV para mulheres. Também porque será a primeira vez em que os partidos, e não mais as coligações, terão de registrar, pelo menos, 30% de candidaturas femininas.  Mas, tão ou mais importante, porque vejo as mulheres mais dispostas a entrar para o mundo da política, ao se conscientizarem de que, somente assim, corrigiremos as injustiças, em todos os campos, que ainda recaem sobre nós.

A mudança de postura dos partidos já é percebida. Grande parte deles está promovendo cursos de capacitação, palestras e encontros para estimular a filiação e o interesse de candidaturas femininas. Iniciativas semelhantes são encampadas por inúmeros movimentos suprapartidários de advogadas, cientistas políticas, professoras universitárias, artistas, formadores de opinião, enfim, por pessoas que enxergam a necessidade urgente de aumentar a representação feminina na vida nacional, nos postos de comando e de liderança. 

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Qual é, de fato, a importância da mulher na política? Por que falamos tanto disso? Eu acredito que a mulher não busca a política apenas pelo desejo de poder. Ao entrar no mercado de trabalho, lá atrás, ela percebeu que precisava de uma arena para ser ouvida, reivindicar seus direitos e se contrapor às injustiças. 

Nossa presença na política é fundamental para lutarmos por educação, melhor inclusão no mercado de trabalho, salários equivalentes, espaços em cargos de chefia, saúde e direitos relacionados à maternidade, à família e ao combate a qualquer tipo de violência (sexual, psicológica, moral, patrimonial, institucional, política).

É isso mesmo. Há também a violência política. Recentemente, a Comissão de Combate à Violência contra a Mulher realizou no Congresso um debate sobre o tema. Estarrecedor o fato de que, até hoje, candidatas, eleitas e mulheres no exercício da função pública, em todo o mundo, são hostilizadas, sofrem pressão, perseguição e ameaças contra sua honra, sua integridade física e até a de seus familiares. Assustador saber que 82% das parlamentares ouvidas por pesquisa da União Parlamentar Internacional viveram violência psicológica. Mas esse dado não pode ser um inibidor. Ao contrário, deve servir como mola propulsora para o empoderamento das mulheres e que, cada vez mais, possamos dividir a mesa com os homens no exercício do bem fazer da política.  
O 8 de março é tão importante porque é o momento de lembrar e de reconhecer a luta das nossas precursoras, desde as sufragistas até as primeiras mulheres que se sentaram nos bancos universitários (onde hoje somos maioria), das primeiras que começaram a competir em esportes considerados masculinos, que entraram no campo das ciências, que se destacaram nas profissões até então consideradas “de homem”. 

Eu também entrei neste rol de “primeiras”. Não acho que isso seja, apenas, motivo de orgulho, ao contrário. Lamento que foram necessários quase 100 anos de emancipação para que a minha cidade natal, Três Lagoas (MS), me elegesse como a primeira prefeita. Também fui a primeira mulher a liderar a bancada do MDB no Senado e, agora, sou a primeira presidente da Comissão de Constituição e Justiça, depois de quase 200 anos de existência do Senado Federal. Antes do carnaval, comemoramos a posse da primeira mulher a assumir a presidência do Tribunal Superior do Trabalho, Ministra Cristina Peduzzi. 

Comemoramos porque ainda é raro ver mulheres galgando postos de destaque na vida nacional. Mas tenho a convicção de que, um dia, acharemos estranho o fato de, ‘no passado’, termos tido de brigar pelo compartilhamento mais igualitário dos espaços de poder e liderança. 

É certo que devemos validar nossas conquistas até aqui, mas o caminho ainda é tortuoso e cheio de pedregulhos. Basta citar os números do feminicídio. Em Mato Grosso do Sul, de janeiro ao início de março, seis mulheres foram brutalmente assassinadas por aqueles que um dia amaram. No ano passado, a cada 7 horas, uma mulher foi vítima de feminicídio no Brasil. Crimes cometidos por homens que se sentem ‘donos delas’ e não aceitam o término do relacionamento.

O combate a este crime abominável tem ocorrido. No Congresso, aprovamos diversas leis para coibir a violência contra a mulher. Após o grande marco da Lei Maria da Penha, outras iniciativas surgiram. Nos últimos cinco anos, tivemos um grande avanço nessa pauta. Exemplos recentes são a própria Lei do feminicídio, a da importunação sexual e a que torna crime a divulgação, sem consentimento, de cenas de sexo ou nudez. 

Por tudo isso, o empoderamento da mulher é cada vez mais importante. Nossa voz precisa ser ouvida. Portanto, reforço a aposta que fiz no início deste artigo. Assim como vimos um aumento significativo de mulheres na Câmara dos Deputados em 2019, teremos mais mulheres eleitas este ano. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive (e impreterivelmente) na política! 

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