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Três Lagoas, 24 de abril

‘A gestão tem que ser outra, ou o hospital não vai sobreviver’, diz diretor

Decisões da direção do Auxiliadora têm provocado mudanças e descontentamentos no hospital

Por Ana Cristina Santos
23/05/2020 • 07h00
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Encontrar uma maneira para equilibrar as contas tem sido a tarefa de muitos administradores, principalmente nesse momento de pandemia da Covid-19 que afeta o mundo e pegou a todos de surpresa. Os hospitais públicos e filantrópicos que sempre enfrentaram dificuldades financeiras, agora então, se vêem diante de uma missão mais difícil ainda diante do cenário.

Diante disso, o Corpo técnico de diretores do  Hospital Auxiliadora de Três Lagoas está adotando algumas medidas que têm gerado polêmica. O diretor administrativo do hospital, Marco Antônio Calderón , afirmou que são medidas necessárias para que a unidade continue funcionando diante do atual cenário que o mundo atravessa por conta dessa pandemia, que causou reflexos não só na área da saúde, mas também na econômica.

A receita do hospital, segundo o diretor, apresentou uma queda de R$ 3 milhões em razão da redução no número de convênios, enquanto que a despesas somam R$ 7 milhões, mês, ou seja, as contas não fecham. Além dos convênios, o hospital também deixou de receber pelas consultas eletivas que, nesse momento de pandemia, estão suspensas.

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Embora a maioria dos atendimentos seja de pacientes do SUS, o que o hospital recebe do poder público, por meio da contratualização, não é suficiente para cobrir as despesas com os serviços oferecidos a esse público. A tabela SUS não é atualizada há seis anos.
“Existe um déficit preocupante. As mudanças precisam acontecer para a sobrevivência do hospital. Até agora não recebemos nenhum valor a mais por conta dessa pandemia. A gestão está adequando os processos para não perder a qualidade no atendimento e tentando sobreviver nesse momento de crise muita séria”, disse o diretor. 

O hospital iniciou algumas mudanças para reduzir gastos e, ao mesmo tempo, segundo Calderón, melhorar o atendimento. A mesma equipe que cobre as escalas de plantão de 24 horas no hospital passou a dar suporte aos médicos no Pronto Atendimento de Convênios. Antes, tinha uma equipe específica para isso. 

O diretor disse que passou a ser obrigatória a presença do médico no local durante todo o período de plantão. O profissional não pode mais cumprir a escala de plantão em “estado de disponibilidade”, ou seja, comparecer ao hospital apenas quando necessário.

Com essas mudanças, de acordo com o diretor, foi possível reduzir custos e otimizar os serviços. “Não adianta gastar muito, e ter pouco. Tenho que gastar pouco e ter muito resultado. Criamos um grupo de médicos que trabalham 24 horas, e mais a equipe clínica que já existia, através de um médico que acompanha de segunda a sexta-feira, o quadro clínico. Com essas mudanças, houve muita qualidade no atendimento”, destacou. 

As mudanças, segundo o diretor, têm desagradado a um grupo, mas adiantou que elas vão continuar ocorrendo pensando no coletivo. “Eu não posso ser omisso a tudo isso. A minha obrigação é fazer a gestão do hospital”. O diretor disse que essas decisões são feitas em comum acordo com o corpo diretivo, que inclui, inclusive as irmãs do hospital. Destacou que se ficar focado no “paternalismo”, o hospital não vai sobreviver.

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