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Três Lagoas, 25 de abril

Abandonados celebram o Natal no Lar dos Velhos

Festa foi celebrada com muita alegria, carinho e atenção de um grupo de voluntários aos idosos

Por Redação
24/12/2008 • 06h01
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“Você chega aqui achando que tem problemas. Existem problemas infinitamente maiores que os seus”, afirmou uma das voluntárias do Lar dos Velhos Eurípides Barsanulpho, enquanto atendia um idoso. Parceira da casa há 10 anos, Tereza Cristina auxilia o trabalho na assistência aos idosos de Três Lagoas, amparados pela entidade.
Durante a tarde da última sexta feira (19), os 36 idosos que hoje residem na entidade foram alvo das manifestações de carinho dos voluntários que realizaram uma festa, que contou com a presença de apenas algumas pessoas, em comemoração ao Natal. Na ocasião, presentes  foram entregues a eles.
O evento contou ainda com música e bolo, patrocinados por voluntários e amigos da entidade.
São pessoas que, por algum motivo, se sensibilizam com a necessidade de dirigir atenção a quem não teve a sorte de contar com a dedicação devida dos familiares. Os idosos do Lar dos Velhos receberam a visita dos poucos amigos conquistados durante os anos de hospedagem e de pessoas com quem ainda cultivam algum vínculo. Despejados como instrumentos sem serventia à sociedade, a maioria dos idosos são abandonados por seus próprios parentes.
De acordo com a coordenadora da casa, Marlene Tebet, atualmente, existem cerca de 30 voluntários que prestam serviços no auxilio aofuncionamento diário do Lar. Para sustentar as necessidades dos idosos,
Marlene afirma que são feitas promoções durante todo o ano, além das doações que chegam através dos parceiros, comovidos com as dificuldades
enfrentadas pela casa.
“Existe um convênio com o Estado que não cobre quase nada do que necessitamos para cuidar dos nossos idosos. Nós buscamos, a todo instante, formas para garantir nosso funcionamento”, afirma a coordenadora.
Voluntários, como Tereza Cristina, garantem o conforto e a saúde dos idosos atendidos pela entidade, diminuindo as dificuldades apresentadas pela escassez de verba. Técnica laboratorial, Tereza atende aos idosos, realizando exames de rotina e de urgência, na vigília à saúde deles.
“Eles não podem esperar pela boa vontade de ninguém. Com a  saúde muito delicada, e o emocional abalado, todos necessitam de auxílio sempre para ontem”, comenta Cristina. São condições básicas de manutenção à higiene, alimentação e lazer de pessoas que não têm onde nem a quem recorrer.

ENVELHECER

De acordo com pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a população brasileira vive, hoje, em média, 68,6 anos; 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no país deva chegar a 30 milhões de pessoas, correspondendo a 13% do total. A esperança de vida do brasileiro, de acordo com a pesquisa chegará a 70,3 anos.
Muitas vezes com recursos financeiros, porém sem atenção e  mparo familiar, grande parte desta parcela acaba abandonada nas ruas ou em asilos. A trajetória do idoso até uma casa de amparo é fruto da rejeição, resultante da falta de tempo dos familiares e da insensibilidade por parte dos responsáveis; justificativas apresentadas por quem deveria vigiar e amparar.

CUIDAR

Apesar das dificuldades enfrentadas diariamente, o Lar dos Velhos serve de amparo tanto para quem cuida, quanto para quem é cuidado. Dos poucos voluntários que hoje freqüentam a casa, dirigindo o mínimo de atenção aos idosos, os que se dispõem se dedicam a promover o bem estar à comunidade, ouvindo as histórias de muitos anos de vida, das 36 pessoas que hoje residem lá.
“Você não vê as horas passarem.
Ao chegar em casa, eu retorno mais leve, feliz, me sentindo útil. Seria perfeito se todos dedicassem algumas horas de seu tempo para cuidar do semelhante”, afirma Otamir Custódio Queirós, outro voluntário da casa. Freqüentador do Lar há dois anos, Otamir recorreu à casa após o falecimento da filha. Foi buscando amparar à dor do próximo que ele curou a sua. Com 68 anos, Otamir dedica o final de suas tardes às visitas diárias ao Lar. “É uma troca de atenções, uma experiência única que todos deveriam se dispor a vivenciar”.
O Lar dos Velhos Eurípides Barsanulpho fica localizado na rua José Marciano Pereira, 229, bairro Interlagos.

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