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Três Lagoas, 28 de março

Ação do MPF não vai interferir em nova unidade em Três Lagoas, diz Eldorado

MPF pediu à Justiça bloqueio de bens no valor de R$ 3,8 bilhões do Grupo J&F

Por Kelly Martins
07/02/2017 • 11h56
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A empresa de celulose Eldorado Brasil garante que as supostas denúncias sobre um esquema de corrupção e a ação do Ministério Público Federal (MPF), que pediu à Justiça bloqueio de bens da empresa, nesta segunda-feira (6), não vão interferir nos projetos de expansão, em Três Lagoas. A construção da nova unidade industrial, a Vanguarda 2.0, prevê produção anual de 2,5 milhões de toneladas/ano de celulose e entrará em operação no município em 2019, segundo informou a Eldorado à equipe de reportagem.

A empresa diz que aguarda algumas propostas de fornecedores de tecnologia para decidir quem serão os parceiros para a construção da nova linha de produção. O posicionamento da Eldorado Brasil é diante da ação do MPF que requer que o Poder Judiciário restabeleça o bloqueio de bens e ativos até o limite de R$ 3,8 bilhões do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, e do presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich Filho. Segundo a ação, eles descumpriram o termo de ciência e compromisso firmado em setembro do ano passado, no âmbito da Operação Greenfield.

De acordo com o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes a medida foi diante da descoberta de indícios da prática de atos ilícitos por parte de Joesley e José Carlos, com o objetivo de esconder irregularidades cometidas à frente da Eldorado Celulose. A empresa é um dos alvos da investigação da Força de Trabalho Interinstitucional que apura a prática de crimes contra Fundos de Pensão, FGTS e Caixa Econômica Federal.

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Documentos entregues ao MPF revelam que, após a deflagração da Operação Sépsis (que atualmente tramita em conjunto com a Greenfield e a Cui Bono), foi decidido, pela própria Eldorado, contratar apuração independente “com vistas à adoção de medidas cabíveis”.

As firmas contratadas foram a Ernest & Young e a Veirano Advogados, mas, como detalha a petição do MPF, em vez de apurar as irregularidades, tais firmas agiram na tentativa de legitimar as práticas ilegais encontradas, como o pagamento de R$ 37,4 milhões da Eldorado para as empresas Viscaya e Araguaia, de propriedade de Lúcio Funaro. Denunciado no âmbito da Operação Sepsis, Funaro está preso em Brasília a responde a outras investigações. A explicação da auditoria para os pagamentos passa por uma “triangulação” envolvendo o Grupo J&F que teria contratos com as duas empresas de Lúcio Funaro e um crédito junto à Eldorado.

No entanto, para o MPF, a justificativa apresentada esconde atos propriamente de lavagem de dinheiro. “A equipe de auditoria contratada pela Eldorado buscou, de todas as formas, trazer uma aparência de transparência e legalidade para as referidas operações financeiras, aduzindo ser impossível inferir uma correlação entre pagamentos realizados pela Eldorado às empresas de Lúcio Funaro e a concessão do financiamento ou quaisquer vantagens em favor da companhia”, afirma um dos trechos do documento.

Outro lado

Por meio de nota enviada ao Grupo RCN de Comunicação, a J&F informa que foi surpreendida com o pedido do MPF. Diz ainda que o órgão teve como base denúncias estapafúrdias, infundadas e com caráter de interesses pessoais.

“Todas as  decisões são públicas e foram tomadas pelo  conselho de administração da Eldorado, com a maioria dos votos de seus membros, incluindo os independentes, de acordo com o estatuto social da companhia e o acordo de acionistas”, consta trecho da nota. A empresa ressalta que  refuta todas a alegações irresponsáveis e pedirá  ao MPF e ao juiz competente a oportunidade de provar a licitude, lealdade e boa fé de todas decisões tomadas no âmbito do grupo e do conselho de administração. “Antes que tal ilação do conselheiro traga mais prejuízo para a empresa, clientes, colaboradores e os executivos mencionados”.

Investigação

Segundo o MPF, outra manobra atribuída a Joesley e a José Carlos ocorreu em 23 novembro do ano passado, ou seja, após a deflagração da Operação Greenfield. Naquele dia, a Eldorado teria firmado um contrato no valor de R$ 190 milhões com a empresa Eucalipto Brasil S/A, vinculada a dois investigados na operação: Mário Celso Lopes e Mário Celso Lincoln Lopes. Chamou a atenção do MPF o fato de Mário Celso Lopes – o beneficiado pelo contrato – ter sido, junto ao Joesley Batista, um dos fundadores da Eldorado e de ter travado uma disputa judicial com o grupo J&F.

Além disso, frisam os investigadores, menos de um mês após a assinatura do contrato, houve a retirada de uma cláusula, o que beneficiou Mário Celso em detrimento da Eldorado e dos sócios minoritários: Funcef e Petros. O MPF suspeita, na articulação, de ação coordenada por Joesley e José Carlos de para comprar o silêncio de Mário, que conhecia as irregularidades praticadas no momento de criação da Eldorado.

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