RÁDIOS
Três Lagoas, 19 de abril

Altos índices de criminalidade deixam sensação de insegurança

Descaso com a segurança pública e falta de ação por parte do governo do estado preocupam moradores de Três Lagoas

Por Sergio Colacino
03/06/2017 • 07h30
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O aumento de 62% no número de homicídios este ano em Três Lagoas traz à tona uma realidade que apenas o governo de Mato Grosso do Sul parece não enxergar. A cidade, hoje com mais de 115 mil habitantes, deixou de ser pacata e tranquila. A capital da celulose se tornou um dos principais polos industriais do estado e atraiu a atenção de trabalhadores – e criminosos – de várias partes do país. Hoje, faltam efetivo e viaturas para a polícia trabalhar e garantir a segurança do cidadão de bem. Mas apesar dos números continuarem a assustar, o governador Reinaldo Azambuja demonstra ter outros planos e prioridades.

Nesta semana, Azambuja esteve em Três Lagoas para entregar novas viaturas, em uma cerimônia sem muita pompa – talvez ofuscada pelos escândalos de corrupção que envolvem seu governo. Ao todo, foram sete novas viaturas: três para a Polícia Civil, duas para o Corpo de Bombeiros e duas para a Polícia Militar. Para se ter uma ideia, há duas semanas, em Dourados, o governo entregou 18 viaturas, mais que o dobro. Ninguém discute a importância de se aumentar – e renovar – a frota. Mas é muito pouco para uma cidade que faz divisa de estado e pode ser considerada a rota do contrabando e do tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul. Mercadorias ilegais e produtos do narcotráfico, vindos do Paraguai e da Bolívia, por exemplo, passam por aqui. Não à toa, só nos três primeiros meses de 2017 houve um aumento de 634% no número de apreensões de maconha na cidade, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Nesse mesmo período, foram mais de 200 mil pacotes de cigarros apreendidos.

A polícia trabalha do jeito que dá. As novas viaturas vão se juntar a outra leva trazida de Campo Grande por Azambuja no começo do ano. Alguns carros da PM demoraram para ir às ruas por falta de emplacamento. Pelo menos dez motos até hoje estão estacionadas no pátio do 2º Batalhão. Faltam policiais para usar as viaturas. “Não há policiais suficientes para realizar este tipo de trabalho diário. Dessa forma, os veículos estão sendo usados apenas em operações e outros tipos de fiscalização, como o monitoramento no trânsito, por exemplo”, explicou o comandante do 2° Batalhão da PM, tenente-coronel James Magno. Segundo ele, 240 policiais fazem a segurança de Três Lagoas, Selvíria, Água Clara e Brasilândia. O ideal seria o dobro.

Para piorar, a própria PM, em conjunto com a sociedade civil organizada, precisou “arregaçar as mangas” para ter mais segurança na área central. Inseguros, comerciantes e bancários fizeram uma “vaquinha” para ajudar a montar uma espécie de base da Polícia Militar na praça Senador Ramez Tebet. Os militares deixam de fazer o trabalho administrativo para garantir a segurança durante o horário comercial. Coube aos comerciantes e bancários custearam a instalação do toldo onde fica a viatura, a alimentação dos policiais e alguns panfletos informativos com dicas de segurança.

Falta ação por parte do governo. Falta enxergar que a segurança pública deve ser prioridade. E enquanto denúncias de propina e corrupção ganham o noticiário nacional, o três-lagoense espera muito mais que algumas viaturas.

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