RÁDIOS
Três Lagoas, 18 de abril

Um mês depois, mãe de mulher morta pelo ex-marido faz alerta

Nesta quarta-feira completa-se um mês em que Renato Ottoni matou Halley Coimbra

Por Ana Cristina Santos
14/02/2018 • 09h15
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“Ainda não acredito no que aconteceu. Ainda estou sem chão, sem fé, com muita saudade. A falta da minha filha é muito grande. Sinto muita saudade dela. Sei que nesse mundo não vou ver mais ela”. A declaração é da funcionária pública Délia Coimbra, de 62 anos, mãe de Halley Coimbra Ribeiro Junqueira, de 38 anos, morta no mês passado a tiros dentro de casa pelo ex-marido, Renato Bastos Ottoni, de 62 anos, que se matou após tirar a vida da mulher.

Délia conseguiu a guarda provisória de duas netas, que ficaram sem pai e mãe. E aos 62 anos, disse sentir-se mãe novamente. “Agora estou com minhas netinhas, tendo que trocar fraldas depois dos 60. Foi o que me restou. Não tenho outro caminho”, desabafou.

Nesta quarta-feira (14) completa-se um mês do homicídio seguido de suicídio que comoveu a cidade e o Estado, principalmente por envolver pessoas conhecidas em Três Lagoas. Renato Ottoni foi gerente de uma multinacional em Três Lagoas. Halley era sitiante.

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Ainda abalada pelos acontecimentos, Délia aproveita para fazer um alerta.

“Meninas, mulheres, vocês que têm um companheiro agressivo, que faz ameaças, contem para a mãe. Ninguém melhor do que uma mãe para proteger, para ensinar os caminhos a serem tomados e, principalmente, denuncie [às autoridades]. A minha filha nunca fez um boletim de ocorrência contra ele [Ottoni] por agressão. Eu não sabia que meu ex-genro fazia ameaças à minha filha. Eu soube depois. Minha filha nunca me contou, talvez para me proteger, talvez por vergonha... Conte para sua mãe, não fique com vergonha”, aconselhou.

Ainda segundo a mãe de Halley, se a filha tivesse contado que Renato a maltratava, teria falado com ele.

Além da agressão física, muitas mulheres são agredidas verbalmente. Apesar de muitas apanharem de seus parceiros, não se sentem capazes de sair do relacionamento e nem conseguem enxergar uma vida possível após a separação.

“Eu jamais moraria com uma pessoa que me agredisse fisicamente. Às vezes, em um momento, a gente fala uma palavra contra o outro, o que não é correto. Como você dorme com uma pessoa que te maltrata? Eu não entendo certos tipos de relacionamento, mas existem. Acredito que o que mais prende uma mulher a ficar em um relacionamento, mesmo quando agredida, é a questão financeira, a preocupação de como manter os filhos, a casa, o padrão de vida. O certo é separar. Dê tempo ao tempo e faça o boletim de ocorrência. Sempre falo: vender picolé também dá dinheiro, também dá uma proteção. Você não precisa andar de lancha, estar indo ao salão [de beleza], é possível dar conta de cuidar dos filhos, e a família também ajuda”, alertou Délia.

CASOS

Na sexta-feira (9), mais uma mulher foi morta pelo ex-marido em Três Lagoas. Larissa Souto Pereira de Freitas, de 42 anos, foi morta com três tiros por Marcos Sérgio da Silva Castro, de 48 anos, que não aceitava o término do relacionamento. Depois de matar a mulher, o homem suicidou-se com um tiro no peito.

Em 2017, a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher registrou cinco casos de feminicídio em Três Lagoas. Segundo a delegada Letícia Mobis, responsável pela investigação de casos do tipo, todos os autores de crimes contra mulheres foram identificados, processados pela Justiça e estão presos.

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