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Três Lagoas, 24 de abril

Bolsonaro e Mandetta 'não se bicam', mas sem demissão 'por enquanto'

Conflitos entre o Presidente da República e o ministro da Saúde elevam a tensão no Governo em pleno combate ao novo coronavírus

Por Redação
04/04/2020 • 06h00
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O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta teve alavancado o protagonismo que lhe cabia no comando das principais ações de combate à pandemia provocada pela contaminação de milhares (já são milhões no mundo) de pessoas pelo novo coronavírus em função dos conflitos cada vez mais púbicos com o presidente Jair Bolsonaro.

Não há entre eles consenso, na medida em que Bolsonaro não aceita, não deseja e não apoia me-didas de isolamento social e defende abertamente a liberação total de toda a atividade, limitada apenas ao confinamento vertical (idosos e integrantes d e grupos de risco) e o ministro alerta para a necessidade de contenção para evitar um colapso na rede publica de saúde, com falta de leitos e aumento do número de mortes.

Essas são os princípios do conflito, mas há outros planos, sobretudo o político que determinam esses posicionamentos. Mandetta se aproxima dos governadores e prefeitos, enquanto Bolsonaro quer ficar longe deles. Bolsonaro deseja a retomada imediata de todas as atividades, Mandetta insiste na contenção (apoiado por uma unanimidade que não inclui apenas o presidente). Enfim, por vários prismas e em muitas oportunidades, o conflito de ponto de vista está estabelecido de forma irreversível.

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Essa dicotomia extrapola a relação direta e exclusiva do ministro com o presidente. Envolve os empresários e trabalhadores, envolve os governadores e prefeitos, envolve todo o governo que precisa agir de forma integrada. Especialmente envolve a equipe econômica, que precisa atuar rapidamente com medidas assistências, programa de apoio aos empresários e abrir canais de ajuda direta a Estados e municípios, que podem, com a queda na arrecadação tem dificuldades para manter regularidade no pagamento dos salários e fornecedores (que também pagam salá-rios).

Esse conflito que se prolonga, mesmo com o ministro procurando não tensionar, evitando comen-tários e procurando limitar-se às questões técnicas, não cessa porque o presidente não tem eco-nomizado tensionamento..
Bolsonaro considera inevitável o colapso, Mandetta quer tentar evita-lo a todo custo. E não há entre eles consenso possível. E o clima ficou tenso na última semana, com o presidente revelando que eles não tëm “se bicado” , que tem faltado humildade ao ministro que insiste em não ouvir o presidente. Bolsonaro, frustrado com a diferença de pensamento, passou a ser irritar com ela. E o risco de Mandetta estar certo pode deixa-lo ainda mais isolado.

O isolamento, por sinal, ficou evidente e preocupante para o núcleo duro do bolsonarismo, quan-do ministros do porte de Tereza Cristina, da Agricultura, Paulo Guedes, da Economia e Sergio Moro, da Justiça, apoiaram Mandetta, contra o presidente. Mais que isso, Publicamente Bolsonaro passou a defender a proteção da vida, passou a reconhecer os riscos pressionado também pelos militares do Governo.

Recua mas resiste. E persiste no seu ponto de vista como pode. Eleva assim a temperatura interna e praticamente sela o destino do ministro da Saúde, seu amigo pessoal e vizinho de gabinete nos tempos de parlamento ao dizer que por enquanto não pensa em demiti-lo.  Os argumentos técni-cos de Mandetta não são refutados pelo presidente. Os argumentos políticos do presidente não são aceitos por Mandetta.  Assim, tudo vai depender do que vem pela frente, mas o ministro está definitivamente na linha de tiro do capitão.

 

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