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Três Lagoas, 23 de abril

Casos de feminicídio em 2018 reduzem em 50% em Três Lagoas

Levantamento da ONU aponta que o Brasil concentrou 40% dos feminicídios da América Latina em 2017

Por Tatiane Simon
16/11/2018 • 16h00
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De janeiro a novembro deste ano Três Lagoas contabilizou três casos de feminicídio. O índice é menor ao registrado em 2017, quando seis mulheres foram mortas por seus respectivos companheiros. A redução chega a 50%, segundo relatório da Delegacia da Mulher, da Polícia Civil de Três Lagoas.

Mas nem por isso o dado é de se comemorar. Conforme Luciana Azambuja, secretária de Políticas Públicas para a Mulher em Mato Grosso do Sul, Três Lagoas lidera como o município que mais faz mulheres vítimas de agressões. “Simplesmente por conta do gênero. Muitos homens partem para a violência por conta do machismo. Se não for minha, não será de mais ninguém”, explica.

No ano passado, Três Lagoas ocupou o primeiro lugar entre os municípios do interior que mais fizeram vítimas de feminicídio no estado. O levantamento foi elaborado pelo Ministério Público Estadual e faz parte do projeto “Menina dos Olhos”. Campo Grande era, à época, o município com mais registros de feminicídios em Mato Grosso do Sul.

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No Brasil, a caracterização desse tipo de crime foi detalhada em 2015, com a lei 13.104, que classificou o feminicídio como crime hediondo.

Histórico

Somente neste ano, três casos de feminicídio foram registrados em Três Lagoas. O primeiro crime ocorreu no dia 14 de janeiro, no bairro Santa Júlia. Halley Coimbra Ribeiro Junqueira, de 39 anos, foi assassinada a tiros.  Ela estava separada de Renato Bastos Otoni, de 65 anos, o qual não aceitava o fim do relacionamento. Depois de matar Halley, Otoni cometeu suicídio. O corpo dele foi encontrado por dois ciclistas, num matagal, em Castilho (SP).

O segundo caso de feminicídio registrado na cidade foi em 9 de fevereiro no bairro Jardim Alvorada em Três Lagoas. A hoteleira e ex-miss Simpatia de Três Lagoas, Larissa Souto Pereira de Freitas, de 42 anos, foi morta a tiros pelo ex-marido, o mototaxista Marcos Sérgio da Silva Castro. Em seguida, ele se matou. Marcos não aceitava o fim do relacionamento.  

O terceiro caso ocorreu em 24 de julho em uma propriedade rural, próximo ao presídio masculino, nas imediações da BR-158, na saída para Brasilândia, em Três Lagoas. O empresário, Marcos Gonçalves de Oliveira, matou a esposa Francielli Castilho, de 27 anos e, em seguida, se matou. O motivo ainda não foi revelado.

De acordo com os registros da Delegacia Geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, em 2016 foram 34 casos de feminicídio; em 2017, foram 27 ocorrências.

América Latina

A cada dez feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Segundo informações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, no ano passado, em razão de sua identidade de gênero. Desse total, 1.133 foram registrados no Brasil. 

O levantamento também ranqueia os países a partir de um cálculo de proporção. Nessa perspectiva, quem lidera a lista é El Salvador, que apresenta uma taxa de 10,2 ocorrências a cada 100 mil mulheres, destacada pela Cepal como "sem paralelo" na comparação com o índice dos demais países da região. 

Em seguida aparecem Honduras (5,8), Guatemala (2,6) e República Dominicana (2,2) e, nas últimas posições, exibindo as melhores taxas, Panamá (0,9), Venezuela (0,8) - também com uma base de 2016, e Peru (0,7). Colômbia (0,6) e Chile (0,5) também apresentam índices baixos, mas têm uma peculiaridade, que é o fato de contabilizarem somente os casos de feminicídio perpetrado por parceiros ou ex-parceiros das vítimas, chamado de feminicídio íntimo. 

Totalizando um índice de 1,1 feminicídios a cada 100 mil mulheres, o Brasil encontra-se empatado com a Argentina e a Costa Rica. (Com informações de Agência Brasil)

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