RÁDIOS
Três Lagoas, 28 de março

Circunstância impõe o bom senso

Leia o Editorial publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado

Por Redação
05/09/2020 • 08h30
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O governo federal, que acertou a mão quando criou o auxílio emergencial, apontado agora como propulsor ainda que modesto da economia e responsável pela redução do impacto da recessão, percebe que não pode perpetuar essa benesse, ao mesmo tempo em que não pode simplesmente desfazer-se dela.

Os efeitos políticos e econômicos positivos desse improvisado mas providencial programa de renda mínima, levaram o governo a decidir pela extensão do benefício por mais tempo do que se previa. Inicialmente concebido para durar 90 dias, chega aos 180 com o mesmo vigor do primeiro dia e já ganhou uma sobrevida de mais quatro meses, ainda que reduzido à metade.

A parcela de R$ 600 reais elevou a régua das bondades e impediu que ela retornasse à casa dos R$ 200, como sonhava a equipe econômica. Além disso, já se tem como certa a sua perpetuação, sob o guarda chuva de um novo programa, agora perene, e que assegure, com certeza os mesmos R$ 300 reais para todos, sem a necessidade de cortar outros programas já existentes. E isso tudo em plena recessão, com as contas públicas abaladas pela pandemia e com as incertezas que riscam os céus da economia nacional toda hora. E com desafios políticos pela frente como a construção de .uma base parlamentar fiel o suficiente para aceitar votar agora, sob o vento da campanha eleitoral, medidas não exatamente doces.

Mais do que nunca, portanto, o mesmo governo que cresce em popularidade com o auxílio que distribui, vê-se tangido a fazer o que procurava evitar no período eleitoral: as cantadas e decantadas reformas. Acaba de anunciar que a reforma administrativa (leia-se corte gastos com o funcionalismo) já entregue para o Congresso, onde a reforma tributária (leia-se aumento da arrecadação) espera também para ser votada. Afinal, não dá para continuar o programa de bondades sem cortar despesas e sem rever a carga tributária, notadamente no diz respeito aos impostos sobre a produção e os encargos Para colocar de pé o Renda Brasil, o governo terá, portanto, que fazer as reformas. Não só em função da falta de recursos, mas também em função de oferecer ao mercado uma compensação liberal às iniciativas que ele encara como populistas. 
Com as reformas saindo do papel,  a circunstância estará impondo o bom senso.

 

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