RÁDIOS
Três Lagoas, 26 de abril

Capital Nacional da Celulose completa 106 anos

Depois do gado, chegou o trem, a hidrelétrica, e agora a celulose; aos 106 anos, Três Lagoas se consolida uma das mais importantes de MS

Por Ana Cristina Santos
15/06/2021 • 06h02
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Situada às margens do rio Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo, Três Lagoas- terceira cidade mais populosa do Mato Grosso do Sul- completa na terça-feira, 15 de junho, 106 anos de emancipação político-administrativa. Com 123 mil habitantes, a cidade é uma das mais importantes na economia do Estado.

Antes com uma economia regional baseada na agropecuária, nos anos de 2000, foi gradativamente se transformando na Capital Nacional da Celulose. As três maiores fábricas de celulose do mundo estão instaladas em Três Lagoas. Por esse motivo, neste ano, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou lei, de autoria da senadora Simone Tebet (MDB/MS) que confere à Três Lagoas o título de Capital Nacional da Celulose.

O processo de colonização de Três Lagoas está diretamente ligado ao ciclo da pecuária. Em 1870, essas terras habitadas pelos índios caiapós, registra-se a chegada dos primeiros pioneiros, vindos de Minas Gerais em busca de campos para a criação de gado.

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O título de desbravador dessas terras é de Joaquim Ribeiro da Silva Peixoto, conhecido como Sertanejo, que, ao lado dos Garcia Leal, deu início, ainda em 1829, ao processo de reconhecimento de todas essas terras, que hoje formam a extensão desta vasta região conhecida hoje como a Costa Leste de Mato Grosso do Sul. Os primeiros posseiros da região foram Januário José de Souza, Inácio Furtado, Januário Garcia Leal, Francisco Lopes, Gabriel Lopes, José Lopes e Antônio Gonçalves Barbosa.

Anos depois, Protázio Garcia Leal, neto de Januário, estabeleceu comércio em Itapura e, em 1889, o comércio de sal e mercadorias o fez “descobrir” as três lagoas. Mas, somente a partir da implantação da estrada de ferro, é que deu início ao desenvolvimento do pequeno povoado. Em 1915, Três Lagoas foi oficialmente criada e desmembrada do município de Santana do Paranaíba, hoje a cidade de Paranaíba. 

Nesta região, foi formada a Fazenda Alagoas, cuja posse foi concedida à Antônio Trajano dos Santos, que deu início à criação de 400 cabeças de gado na propriedade e estabeleceu residência próximo à maior de todas as lagoas. No entorno da conhecida como Lagoa Maior foi criado um povoado e também deu início a um dos primeiros bairros da cidade, oi Santa Luzia, antigo Formigueiro.

Em seguida, Antônio Trajano doou parte de suas terras para a formação do “Patrimônio de Santo Antônio das Alagoas”. Antônio Trajano foi o responsável por doar a área em que foi edificada a Capela de Santo Antônio, patrimônio Histórico de Três Lagoas, que passou por mais uma restauração neste ano, na gestão do prefeito Ângelo Guerreiro.

Primeiro ciclo, a Ferrovia:

O primeiro ciclo do desenvolvimento ocorreu com a chegada da ferrovia, entre o período de 1910 a 1912.  Entre 1915 e 1931, a implantação do transporte ferroviário possibilitou a ligação entre o Estado, na época Mato Grosso, com o Estado de São Paulo. Além de impulsionar o transporte de gado pela ferrovia e favorecer a economia do município até então baseada na pecuária, provocou o aumento considerável no fluxo de migrantes, provocando o adensamento populacional de Três Lagoas.

Segundo ciclo, a Usina:

A segunda etapa do processo de desenvolvimento de Três Lagoas, de acordo com Rodrigo Fernandes, se deu a partir de 1961 com a construção da hidrelétrica de Jupiá, concluída em 1974. No período das obras, a cidade recebeu centenas de trabalhadores, que se fixaram em uma vila próxima as obras, que posteriormente se transformou no bairro Vila Piloto. A usina foi a primeira a ultrapassar um gigawatt potência instalada no país e impulsionou o desenvolvimento da região.

Terceiro ciclo, a Indústria:

O terceiro grande ciclo do desenvolvimento de Três Lagoas ocorre a partir de 2009 com a instalação das fábricas de celulose. O processo de industrialização da cidade, no entanto, começou bem antes com a instalação de outras empresas no Distrito Industrial, entre elas, a fábrica de biscoitos Mabel. Ainda na década de 70 foi inaugurado um obelisco bem na entrada para a Vila Piloto. O monumento, como símbolo do trabalho e da indústria, foi construído na gestão do então prefeito Hélio Congro, que já previa uma cidade industrializada. 
Dados da pesquisa “Melhores Cidades para Fazer Negócios 2.0”, publicada em dezembro pela Urban Systems, apontam que Três Lagoas está em primeiro lugar entre os municípios do Estado, como a melhor cidade para se investir no setor industrial. No ranking nacional, a Capital Nacional da Celulose ficou em 25º lugar. 
Três Lagoas figura em uma lista de 100 municípios com os PIBs (Produto Interno Bruto) mais elevados. Entre os cinco mil municípios brasileiros, Três Lagoas aparece em 96º lugar, com PIB (soma de todas as riquezas produzidas) próximo de R$ 10,1 bilhões, segundo dados do IBGE, referentes ao PIB de 2017.

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