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Três Lagoas, 19 de abril

Deputados aprovam lei que endurece pena para traficantes

Em Três Lagoas, quase 100 pessoas foram presas pela PM acusadas de tráfico de drogas até maio

Por Arquivo JP
01/06/2013 • 09h29
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A Câmara de Deputados aprovou nesta semana projeto de lei aumenta a pena mínima para traficantes no comando de organizações criminosas – casos de prisões de quatro ou mais pessoas ou ligação com facções criminosas - de cinco para oito anos. A punição máxima continua em 15 anos. Na prática, segundo especialistas, a medida fará com que não seja mais possível iniciar o cumprimento da pena para este tipo de crime em regime aberto. 

O projeto, que agora segue para análise do Senado, levantou a antiga polêmica sobre o tratamento dado aos pequenos traficantes. Conforme dados da Defensoria Pública do Brasil, nunca se prendeu tantas pessoas acusadas de tráfico no Brasil como atualmente: estima-se que cerca de 30% da população carcerária nacional esteja cumprindo pena por tráfico – até 2006, o índice era de 10%.

Além disso, outra preocupação é que acabe, com a redução da pena, a diferenciação entre o pequeno do grande traficante e até do dependente químico. Entre os que votaram contra, estão os deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e José Genoino (PT-SP)."Esse endurecimento da repressão, que não separa traficante de usuário, vai piorar a situação e criar uma falsa ilusão", disse Genoino. "Com essa lei, você poderá pegar quatro pessoas fumando maconha e enquadrar como organização criminosa", afirmou Teixeira.

No entanto, o PT foi minoria vencida. O relator do projeto, Givaldo Carimbão (PSB-AL), afirmou que o foco é punir traficantes, dando aos usuários o atendimento necessário para sua recuperação. Ele acatou uma emenda do PT que diz que, no caso de réu primário com pequena quantidade de droga, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 2/3.

Para o comandante da Polícia Militar, coronel Wilson Sérgio Monari, qualquer ação que vise fortalecer o combate ao tráfico de drogas é válida. Atualmente, o tráfico de drogas tem sido o responsável por grande parte das tidas como “ocorrências de vulto” da PM, como casos de roubo, homicídios e tentativas de homicídios.

“Nós temos desde os réus primários aos reincidentes e também alguns adolescentes, mas a maioria deles jovens é jovem, com idade entre 18 e 30 anos”, destacou.

De janeiro até o início do mês passado, haviam sido presas 95 pessoas acusadas de tráfico, sendo 83 homens e 12 mulheres – a maioria acusada de tráfico tido como “formiguinha”, em pequenas quantidades, diretamente ao dependente. As ações resultaram ainda na apreensão de 45 quilos de maconha, 1,6 quilo de cocaína e 1,2 quilo de crack. 

TRATAMENTO
No entanto, o comandante destaca a necessidade de, paralelamente ao aumento da pena para traficante, a criação de mecanismos de tratamento para os dependentes. “Pouco adianta aumentar as penas se não houver participação do poder público no tratamento do dependente. Essas pessoas precisam de ajuda”.

O tratamento dos dependentes também foi tratado pelos parlamentares. No mesmo projeto, os deputados federais aprovaram a permissão de pessoas físicas ou jurídicas recebam dedução do Imposto de Renda por doações ou patrocínios a projetos de tratamento da dependência e também regulamenta a internação involuntária, sem o consentimento do dependente. 

O comandante da PM apoia a decisão. “O dependente químico não tem condições de saber o que é bom para ele, ou não. Cabe àqueles que estão em volta, principalmente à família, tomarem essa decisão”, destacou.

Na semana passada, os parlamentares haviam aprovado projeto de lei para a criação de uma cota de reserva de empregos em licitações públicas com mais de 30 postos de trabalho para dependentes em recuperação.

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