A fabricante de celulose Fibria vai patrocinar o plantio de centenas de mudas em quatro futuros bosques da Lagoa Maior, em Três Lagoas, que começaram a ser formados em fevereiro. A ação faz parte de um conjunto de compensações que a empresa deve promover ao município por conta dos impactos ambientais de sua segunda linha de produção, inaugurada em 2017. E pode ser um marco ambiental importante.
Como símbolo da própria existência da cidade, a Lagoa Maior deverá ser eternamente carente de atenção de moradores, do poder público e de empresas, se hoje não houver ações semelhantes a essa - embora um leque de várias outras ainda reste.
É importante o destaque para o fator de que o plantio de mudas decorre da mitigação de impactos ambientais da empresa que cultiva e corta árvores para produzir papel e celulose. A tríade formada por detalhes assim deverá, igualmente no futuro, causar reflexões sobre o grau de importância que as relações da iniciativa privada e do poder público deviam ser totais agora, no presente.
A obrigação de cobrar devoluções de empreendimentos impactadores do meio social é do Poder Público, e deveria ser uma prática perene, aplicável a todos os investimentos de grande porte. A instalação da usina de fertilizantes, por exemplo, é perfeitamente encaixada nesta condição e, desta forma, deve ser condicionada à mitigação de impactos. O município acerta - possivelmente pela primeira vez - em fixar valores e não abrir mão de tributos na renovação de contrato para andamento da obra.
É apropriado que mecanismos legais, como a tributação pela ocupação do solo, da prestação de serviços e de funcionamento, sejam usados como ferramentas quando, em casos como este, não for possível obter o valor desejado para a mitigação de impactos.
Somente com ações e posicionamentos de divisão do peso de alteração do meio social é que Três Lagoas conseguirá corrigir seus problemas ambientais e promover o surgimento e manutenção de bosques, parques e locais de preservação de suas riquezas da água, solo e do ar.