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Três Lagoas, 19 de abril

Em Três Lagoas 51, detentos farão o Enem Prisional

Mato Grosso do Sul registra um aumento de 80% no número de inscritos

Por Redação
29/11/2012 • 07h39
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Nos dias 4 e 5 de dezembro será realizado o Enem Prisional (Exame Nacional do Ensino Médio das unidades penais). Em Mato Grosso do Sul, foram inscritos 1.058 detentos. Desse total, 1022 são de estabelecimentos penais da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), 30 do Presídio Federal e seis de unidades educacionais de internação (Uneis).

De acordo com a Agepen, a instituição observou um aumento de 83,4% no número de inscritos. Segundo Elaine Arima Xavier Castro, chefe da Divisão de Educação da Agência Penitenciária, um dos fatores que contribuiu para esse crescimento foi a ampliação da quantidade de presídios da agência credenciados para sediarem as provas, que saltou de 25 no ano passado para 29 em 2012.

Em Três Lagoas, 51 reeducandos inscreveram-se - 28 da penitenciária masculina, 17 do presídio feminino e  seis do CPITL Centro Penal Industrial Paracelso Lima de Jesus (semiaberto masculino). 

Entre as internas do presídio feminino, a expectativa em relação à prova é grande. Sem muito tempo para estudar, Eliane Fátima da Silva, 35, vai contar com a sorte no dia do teste. “Trabalho na cantina e também confecciono tapetes de crochê para bancar meus gastos com produtos de higiene pessoal, por isso, não tenho tempo para estudar”, explicou. Ela concluiu o ensino médio há cinco anos e acredita que ainda lembra os conteúdos vistos. 

Mãe de cinco filhas, o sonho de Eliane é cursar Medicina Veterinária. “Sair do presídio com um curso superior é um passaporte para o mercado de trabalho. Como sou reincidente, sei que o preconceito lá fora em relação a presas é grande.

Eliane cumpre pena por tráfico de drogas. Ela foi condenada a 21 anos, porém, entrou com recurso no Tribunal de Justiça para redução de pena. “Já cumpri um ano e um mês e tenho fé que vou conseguir reduzir meu tempo de prisão”, disse.

A detenta Tais Cristina da Cruz Ramires, 28, ré primária, já tem experiência com o Enem, pois prestou o exame no ano passado, e não teve bom desempenho em duas disciplinas. Para conseguir aprovação dessa vez, ela diz que leu livros, revistas e assistiu a noticiários na TV. “Acredito que estou bem informada”, pontuou.

“Minha opção é cursar Pedagogia e trabalhar com crianças em escolas ou projetos sociais. Quero receber meu salário e oferecer uma vida digna a meu filho de 5 anos, que não vejo há um ano e quatro meses, período em que estou presa”, contou, emocionada. E continuou: “aqui no presídio aprendi a dar valor à família e à liberdade”.

A jovem foi condenada a sete anos de prisão por tráfico de drogas. Porém, em breve, será transferida para o semiaberto pelo benefício de progressão de pena. 

Para Marcela Dias Maio, diretora do presídio, a expectativa em relação à aprovação das internas no Enem é das melhores. “Estudar e aperfeiçoar-se é ótimo. É minha obrigação estimulá-las a buscar uma vida diferente, longe do crime”, informou.

Enem
O exame é composto por quatro provas objetivas, cada uma com 45 questões de múltipla escolha e uma redação. No primeiro dia, os participantes responderão a questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias, e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, com duração de 4 horas e 30 minutos. No segundo dia, serão realizadas as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação, e Matemática e suas Tecnologias; com duração de 5 horas e 30 minutos. 

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