RÁDIOS
Três Lagoas, 19 de abril

Empresários culpam a crise pela queda na produção

Preços pagos aos catadores também caiu; sujeira poderá se acumular na Cidade

Por Redação
21/01/2009 • 06h10
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A crise aos poucos vai pegando todo mundo, literalmente. Setores antes produtivos, que não dependiam diretamente da produção dos materiais que comercializam, mas da revenda desses produtos, agora, sentem a retração do mercado e, pior, não tem para quem vender e os proprietários pensam até em demitir. Alguns, no País, já fecharam as portas.
Como o caso do setor que vive do material reciclável. Assim como os catadores de latinhas, papelão, plásticos, ferro-velho, os compradores diretos (que revendem o produto para grandes empresas) já sentem a crise. “Não estamos tendo para quem vender e o negócio caiu oitenta por cento aqui em Três Lagoas”, conferiu Francis Mário Geraldelli Rufino, dono de um depósito no Jardim Alvorada, ao falar ontem (20) sobre a situação de sua empresa. “Tenho quinze funcionários. Se até março não melhorar [a situação de crise] vou ter que demitir pelo menos a metade”, revelou.
“Gaúcho”, como popularmente é conhecido Francis, no momento da entrevista, recebeu a visita de um “colaborador”, com um saco cheio de latinhas. Após pesar o material, um funcionário informou a Rufino: “três quilos e seiscentas [gramas]”. Francis, então, pegou da gaveta R$ 3,60 e entregou ao catador. O homem, provavelmente já sabedor da situação, então, retornou: “quer dizer que agora vamos ter que deixar as latinhas na rua?”.
Antes, Francis pagava R$ 3 por quilo de latinha entregue pelos catadores, mas agora só paga R$ 1. Conforme “Gaúcho”, a questão toda está umbilicalmente ligada à crise internacional. “Vendo o material [ferro-velho, principalmente] para a Gerdau [siderúrgica], que agora não tem para quem vender lá fora [exterior]; o mercado local não suporta o consumo. Então, aí surge a retração do mercado.
Ele revela que diariamente recebe cerca de 30 toneladas de resíduos recicláveis por dia. Tem dois depósitos. “Assim que enche um caminhão, tento vender em São Paulo”, comentou.
Seu colega José Augusto Braz Vessoni, que há oito meses entrou no negócio, comunga do parecer de “Gaúcho” sobre a queda nas vendas. “Trabalho com cerca de oito diaristas; quando tem material para selecionar chamo esse pessoal. Por isso não vou precisar demitir, mas se tivesse funcionário fixo, certamente, já que o movimento caiu mais de sessenta por cento”, disse.
Assim como Francis, José Augusto também lembra que, por conta do desinteresse que os preços baixos dos materiais que revendem, os catadores diminuirão o trabalho e, como consequência, a Cidade vai ficar mais suja. “Sem os catadores de latinha, papelões, garrafas plásticas, os lixeiros terão mais trabalho; senão, tudo vai ficar no meio da rua”, conferiram.

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