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Três Lagoas, 26 de abril

‘Enquanto mulheres morrerem todos os dias, não precisamos de parabéns’

Luciana Azambuja condena violência contra a mulher, cobra eficácia nos direitos e condena o machismo tradicional no Brasil

Por Loraine França
10/03/2019 • 16h44
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Igualdade de gênero. Fim da violência contra as mulheres. Garantia de direitos. Respeito. Essas são as principais reivindicações de mulheres por todo o mundo no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. A origem da data ainda é incerta, mas, no Brasil, é remetida ao incêndio que matou 125 mulheres e 21 homens na fábrica

Triangle Shirtwaist, localizada em Nova York (EUA), na data, em 1911. A tragédia revelou as más condições de trabalhos enfrentadas por mulheres na época. Em 1975, a Organização das Nações Unidas oficializou a data para relembrar lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Hoje, o 8 de março ganhou forte apelo comercial, e o resgate às origens ocorre aos poucos. A subsecretária estadual de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja, diz que a data é de reflexão sobre os direitos conquistados e o quanto ainda precisa ser feito.

Jornal do Povo - Qual o panorama dos direitos das mulheres? O que ainda precisa ser melhorado?
Luciana - O dia 8 de março, mais do que um dia de comemoração, é um dia de reflexão sobre o que já conquistamos dos direitos das mulheres, mas, principalmente, o quanto ainda temos por conquistar. Os ‘parabéns’ pelo seu dia mulher, hoje, me soa muito desnecessário, por que? Enquanto mulheres morrerem todos os dias por serem mulheres, a gente não precisa de parabéns. A gente precisa de políticas públicas eficazes que garantam o nosso direito mais sagrado de todos, o direito de viver sem violência. Depois que as mulheres tiverem o direito de viver sem violência, a gente tem saúde física, mental e emocional para conquistar todos os outros direitos, para lutar por igualdade salarial, para lutar pelo fim do assédio moral nas empresas públicas e privadas. Para ocupar todos os poderes de decisão que nós merecemos. Porque, ao contrário do que muitos dizem, nós não somos minoria. Nós mulheres somos maioria da população.

JP - Para 2019, quais são as prioridades?
Luciana -
A subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres atua em todas as frentes da garantia de direitos das políticas públicas para mulheres. Nós temos uma luta muito grande pela saúde da mulher, pelos direitos sexuais reprodutivos. Uma campanha nacional desenvolvida em Mato Grosso do Sul que será prioridade este ano é a prevenção da gravidez precoce. Nós, também, atuamos, firmemente, obviamente, no combate a todos os tipos de violência contra mulheres. Nós atuamos por mais mulheres na política, porque entendemos que, com mais mulheres na política, nós temos mais política para as mulheres. Enfim, uma gama de ações, uma gama de políticas para, não só garantir, fortalecer, mas, sobretudo, ampliar os nossos direitos. 
 

JP - Quais os principais problemas enfrentados pelas mulheres, hoje?
Luciana -
Assim como em todos os estados e não só no Brasil, o problema que afeta todas nós, mulheres, é o machismo. Ainda é o sentimento de posse que os homens têm com as mulheres. Isso não é de Mato Grosso do Sul, isso não é do Brasil, isso é um fenômeno estrutural e mundial. É um resquício do patriarcado de alguns homens que ainda veem as mulheres como objeto de prazer ou como objeto de posse. Então, a nossa luta, de todos os dias, é a luta por termos direito a ter direitos. Simples assim. E que todas as mulheres sejam respeitadas, que todas as mulheres sejam respeitadas. Que a gente possa ser o que quiser, ocupar os espaços que quisermos, que a gente tenha liberdade, que a gente tenha respeito, principalmente, respeito. E o direito a ter direitos.

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