RÁDIOS
Três Lagoas, 24 de abril

Faltam médicos especialistas na Cidade

A preferência desses profissionais por grandes centros aumenta a defasagem no interior

Por Danilo Fiuza
24/12/2008 • 06h29
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A alegria da economista Silvana Rodrigues, 30 anos, com a confirmação do teste de gravidez quase virou desespero por falta de profissionais na Cidade. Assim que descobriu que estava grávida do primeiro filho – exame realizado em laboratório – foi iniciada uma busca desesperada por um obstetra. Com a lista telefônica na mão, começou o garimpo. Boa parte dos médicos só tinha horário para o ano que vem. Outros tinham uma fila de espera de mais de dez gestantes na frente. O plano de saúde foi deixado de lado – quando era citado a existência de um convênio, a espera era dobrada. A necessidade por uma consulta para iniciar o pré-natal era urgente, mas, nem mesmo por meio de consultas particulares foi fácil conseguir uma vaga. A luta só chegou ao fim depois de quase um mês após a descoberta da gravidez. No segundo mês de gestação, ela teria uma vaga em Três Lagoas e não precisaria mais recorrer à Araçatuba (SP), como já estava planejado.
O caso de Silvana serve apenas para exemplificar uma nova realidade da Saúde de Três Lagoas: Faltam médicos especializados. E não se trata apenas do serviço de ginecologia ou obstetra; para conseguir consultas que até pouco tempo eram fáceis, como na área de dermatologia, agora a espera é de, no mínimo, um mês.
Para o secretário de Saúde, Jorge Martinho, a falta de especialistas na Cidade ocorre por dois motivos: o tempo que se leva para a formação em uma especialidade e a preferência destes profissionais pelos grandes centros.
“Atualmente, um médico para se especializar em qualquer área leva no mínimo 12 anos de estudo. Isto faz com que o número de profissionais que buscam a especialidade depois de formados seja reduzido. Além disso, temos outro problema, depois de formado e especializado, este médico irá procurar os grandes centros, onde o retorno é maior”, destacou. Atualmente, praticamente 90% dos médicos com especialidades atendem nas grandes cidades.
De acordo com Martinho, o problema não é especifico de Três Lagoas e atinge quase todo o País. “A falta de médicos não acontece somente aqui, mas se acentua ainda mais em municípios menores, como Três Lagoas. Hoje, até mesmo Campo Grande sofre com a falta de especialistas”, completou.
A defasagem atinge quase todas as especialidades. O secretário explica que, em algumas áreas, como cardiologia e ortopedia, o número de profissionais é pequeno para atender a demanda. Já em outras, o número é zero, como acontece com geriatria e endocrinologia. Entretanto, ele defende: “Temos municípios brasileiros em pior situação que nós”, garante. E completa:  “Para se ter uma noção, temos apenas um neurocirurgião atendendo na rede pública. Na Cidade, são apenas dois. Tínhamos também o problema de falta de infectologistas na Cidade, mas este já está sendo providenciado. Atualmente, estamos analisando a proposta de três profissionais nesta área e que tem interesse em se estabelecer aqui”.

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