RÁDIOS
Três Lagoas, 23 de abril

Florada de eucalipto "turbina" produção de mel

Três Lagoas conta, hoje, com 40 apicultores que produzem, juntos, 51 toneladas de mel por ano

Por Reprodução
07/02/2013 • 08h49
Compartilhar

A floresta plantada de eucalipto em Três Lagoas, além de ser matéria-prima para a produção de papel e projetar a cidade como capital mundial da celulose, agora comemora mais uma conquista: a apicultura.  

De acordo com Gustavo Nadeu Bijos, presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul (FEAMS), a região de Três Lagoas é propícia à atividade devido ao plantio de eucalipto que floresce na época em que as floradas silvestres ainda não apareceram. Além dessa vantagem, o clima e a localização estratégica são pontos importantes dentro da cadeia produtiva apícola do local.
Todos esses benefícios têm atraído o interesse de produtores rurais que estão se tornando apicultores. Atualmente, Três Lagoas têm aproximadamente 40 apicultores, porém, este número está em crescimento, segundo a FEAMS. Esses apicultores, juntos, produziram no ano passado 51 toneladas de mel.

Já o estado de Mato Grosso do Sul tem cerca de 700 apicultores com produção anual entre 430 e 650 toneladas. No ranking nacional, o estado ocupa a 12ª posição.

Toda essa produção é comercializada em entrepostos de mel de Mato Grosso do Sul e de outros estados, principalmente São Paulo. Parte da produção também é comercializada diretamente entre apicultor e consumidor.

Atualmente, o preço do quilo do mel pago ao produtor no estado varia entre R$ 4 e R$ 5,30. O mel com certificação orgânica ou com rastreabilidade pode receber 20% a mais desse valor, informou Bijos.

Para o presidente da FEAMS, a apicultura é um excelente negócio para assentados e pequenos produtores. A atividade pode ser um complemento de renda ou até mesmo a renda principal. Tudo depende de como será comercializada a produção. “Em várias áreas, a venda do produto é ponto chave do negócio”, disse.

Em um lote adequado para a implantação da apicultura, segundo Bijos, é possível instalar entre 10 e 20 colmeias. Com esse número, o produtor, se trabalhar corretamente, poderá ter uma renda bruta de R$ 4 mil a R$ 10 mil por ano. 

Bijos informa ainda que como não há necessidade de trabalhar com as abelhas todos os dias, o produtor poderá atender às outras atividades da propriedade sem qualquer problema. Se ele conseguir um canal de vendas como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ou Merenda Escolar, a renda anual pode até dobrar, com o mesmo número de colmeias. “Os preços praticados por essas modalidades de comercialização para produtores da agricultura familiar são diferenciados”, salientou.

O assentado Wilmar Arantes, morador do Pontal do Faia, é um dos três-lagoenses que viu na apicultura uma alternativa para sua pequena propriedade. Desde 2002, investe nesse negócio. Ele conta que suas colmeias já chegaram a produzir 18 toneladas de mel em um único ano. Com essa produção comercializada a R$ 4,50 o quilo, ele faturou (bruto) uma média de R$ 6,7 mil por mês. O assentado conta que sua produção é comercializada com entrepostos de Araraquara e Rio Claro, ambos no estado de São Paulo. 

Para Bijos, a falta do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, que permite o apicultor vender a produção para qualquer parte do Brasil, é um empecilho para os produtores comercializarem o produto em outras regiões do país e até exportá-lo. Ele explica que para obter essa certificação é necessário possuir um prédio com as adequações necessárias e legais para a implantação de um fluxograma correto do beneficiamento dos produtos aliado às boas práticas de fabricação, o que garante a segurança e qualidade dos produtos que passam pelo entreposto e chegam até o consumidor. Em Três Lagoas, uma empresa privada já possui o SIF: o Apiário Flor da Acácia.

De acordo com Arantes, ele faz parte da Associação Três-lagoense de Apicultura (ATLA), composta por produtores dos assentamentos Pontal do Faia e  20 de Março. Conforme o assentado, a diretoria está se mobilizando para conquistar o SIF. Porém, o primeiro passo é criar uma cooperativa. Essa entidade, depois de constituída, vai receber R$ 659.375,00 para a construção da Casa do Mel. O investimento será custeado em 50% pelo Instituto Votorantim e 50% pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo Bijos, embora a apicultura seja uma atividade rentável, é necessária muita dedicação para alcançar o sucesso. “O que o nosso apicultor ainda necessita é melhorar o seu planejamento e implantar uma sequência clara e objetiva de trabalhos no campo com as próprias abelhas. O Brasil ainda é muito amador em relação aos apicultores de outros países como Argentina, Estados Unidos e Austrália, por exemplo”, frisou.

Confira a matéria completa na edição Nº 5.130, de 7 de fevereiro, do Jornal do Povo.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de JPNews Três Lagoas