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Três Lagoas, 24 de abril

Estrangeiros assumem grandes empresas em Três Lagoas

Negociações que envolvem multinacionais mudam cenário empresarial da cidade

Por Ana Cristina Santos
19/10/2019 • 08h03
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Três Lagoas recebe imigrantes de várias partes do mundo desde a construção da estrada de ferro da extinta Rede Ferroviária, em 1908. Cinquenta e cinco anos depois, a chegada de estrangeiros no município ocorreu durante a construção da usina hidrelétrica de Jupiá. Mais tarde, com o novo processo econômico gerado pela instalação de indústrias na cidade. Tudo isso, segundo o historiador e diretor de Cultura do município, Rodrigo Fernandes, em função do potencial territorial urbano de Três Lagoas.

Nas mãos de chineses 

Atualmente, a hidrelétrica é administrada por um grupo de chineses. No final de 2015, a usina foi comprada pela empresa CTG (China Three Gorges), de Pequim, que arrematou o complexo hidrelétrico de Jupiá e Ilha Solteira por R$ 13,8 bilhões. 

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Eka Tjipta Widjaja, presidente da Paper, empresa que comprou a Eldorado Brasil. Foto: Divulgação

Sócios asiáticos 

Em setembro de 2017 a Paper Excellence, que possui sede na Holanda e é integrante do grupo indonésio Asia Pulp & Paper, adquiriu 49,5% do capital da fábrica de celulose Eldorado Brasil, por R$ 3,8 bilhões.  

O restante do capital e a liberação das garantias dadas pela J&F nos empréstimos junto aos bancos credores deveriam ocorrer até setembro de 2018, segundo a negociação fechada em mais de dois meses pelos grupos empresariais. A Paper diz que tem dinheiro para comprar o restante das ações, ainda sob o comando do grupo J&F, que exige a liberação das garantias. A negociação é discutida em ação na Justiça.

Morales assinou contrato com a Acron. Foto: Divulgação

Sob o comando de russos e bolivianos

Agora, são os russos que desembarcaram em Três Lagoas para compra da UFN 3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) da Petrobras - negócio que também inclui uma sociedade com bolivianos. 

A estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) e a empresa russa Acron Group assinaram um contrato de venda de gás natural e criação de joint venture para a venda de ureia que será produzida na UFN 3. 

O documento foi assinado nesta terça-feira (15), em Santa Cruz, na Bolívia, com a presença do presidente do país, Evo Morales; do ministro de Hidrocarbonetos, Luis Alberto Sánchez; do presidente da YPFB, Oscar Barriga, e do vice-presidente da Acron, Vladimir Kantor. 

Além de se tornar fornecedora da Acron no Brasil, a YPFB também será sócia comercial na UFN 3. As empresas divulgaram projeção de vender 2,2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia ao mercado brasileiro, por 20 anos, a partir de 2021. 

A Acron é uma das empresas de fertilizantes mais importantes do mundo e que está prestes a assinar contrato com a Petrobras para a compra da fábrica três-lagoense.

“É um novo passo para continuar avançando na diversificação na questão da comercialização, mas também para continuar melhorando nossa economia. Saúdo e parabenizo o ministro de Hidrocarbonetos e YPFB e também o entendimento com a Acron da Rússia”, disse Morales em conferência de imprensa, após essa reunião.

Para o Estado, o acordo representa um passo importante na internacionalização da YPFB, não apenas como vendedor de gás, mas como parceiro operacional fora das fronteiras da Bolívia, acrescentou Morales.

 

VISITAS E REUNIÕES
Representes do grupo russo  estiveram nesta semana em Três Lagoas, onde participaram de uma série de reuniões técnicas e visitas. Eles se reuniram com o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), e com secretários municipais, para conhecer detalhes de como funciona a estrutura pública do município. Visitaram também a sede do Senai para conhecer a estrutura para a qualificação profissional em Três Lagoas.  Além disso, se reuniram com representantes da prefeitura e do governo do Estado, também, para pedir os mesmos incentivos fiscais oferecidos a Petrobras para a retomada das obras.

Os russos aguardam o fim da negociação para fechar a compra da fábrica, que tem valor estimado em R$ 8,2 bilhões, segundo estimativa de pessoas ligadas ao processo de venda. A Petrobras e a Acron ainda não divulgaram valores.

Com o governo do Estado, as tratativas dos incentivos fiscais referem-se ao ICMS pela importação de equipamentos usados nas obras e na venda da ureia  que será fabricada. Já com o município, a negociação é sobre o IPTU, ISS e, principalmente a respeito da prorrogação do prazo para a conclusão da obra.

A prefeitura enviará outro projeto de lei para a Câmara de Vereadores solicitando um prazo até 2025 para a conclusão da obra. No ano passado, a Câmara já havia autorizado o município prorrogar esse prazo até 2022. No entanto, como houve atraso no processo de venda da fábrica, os russos solicitaram um prazo maior. No projeto inicial, a Petrobras tinha até março de 2018 para concluir a fábrica.

 

 

 

 

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