O prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro, declarou que nenhuma das 12 pessoas ouvidas pela Polícia Federal nesta terça-feira (12), em cumprimento de mandado judicial de busca e apreensão, envolvendo servidores e empresários, possuem envolvimento com a atual gestão. De acordo com Guerreiro, dois servidores da gestão passada que trabalhavam no setor de Mecânica foram exonerados neste ano. “É natural que os servidores e funcionários da prefeitura sejam ouvidos, mas tenho total tranquilidade quanto à transparência e esclarecimento dos fatos”, afirma.
Ele reforça ainda que trata-se de uma irregularidade da gestão anterior que envolve, pelo menos, dez oficinas mecânicas, e com irregularidades que chegam a R$ 1,6 milhão. O prefeito Ângelo Guerreiro informou que ao assumir a gestão não pagou o valor desse débito por haver supostas irregularidades nos contratos.
“Determinei que não pagássemos esse valor que nos era cobrado, porque, não havia empenho dos serviços que alegavam ter realizado e não localizamos qualquer tipo de notificação a esse respeito”, fala.
Guerreiro declarou ainda que a prefeitura vai auxiliar em todas as solicitações da Polícia Federal. “As portas da Prefeitura estão sempre abertas, porque prezamos pela transparência”.
A atual Administração reforça ainda que abriu sindicância, na segunda quinzena de janeiro, para apurar responsabilidades. Ao final da sindicância concluiu-se pela abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra quatro servidores, com suspeitas de envolvimento nas referidas irregularidades.
Gestão anterior
A equipe de reportagem não conseguiu contato com a ex-prefeita Márcia Moura.
Operação Cambota
A Prefeitura de Três Lagoas foi alvo de ação da Polícia Federal, no cumprimento de mandado judicial de busca e apreensão nos setores de Administração e Finanças, na manhã desta terça-feira (12).
As investigações dizem respeito ao período de 2015 e 2016, quando verificou-se que um grupo de servidores da prefeitura em associação com alguns empresários do ramo de oficinas, estariam direcionando e superfaturando serviços decorrentes de contrato de manutenção da frota de veículos da prefeitura.
Além do direcionamento dos serviços, verificou-se que o grupo criminoso gerou prejuízos estimados em até R$ 800 mil reais principalmente com sobrepreço nas peças e serviços prestados. Houve casos em que foi constatado superfaturamento na ordem de até 486% do valor das peças substituídas pelas oficinas mecânicas.
As investigações contaram com o apoio da CGU em Campo Grande, que realizou minuciosa análise nos contratos e serviços prestados pelas oficinas envolvidas no esquema durante o biênio 2015/2016.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, corrupção ativa e passiva, cujas penas somadas podem chegar a 26 anos de prisão.