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Três Lagoas, 24 de abril

Haitianos comemoram cinco anos de chegada em Três Lagoas

Comunidade de imigrantes veem a falta de emprego como maior dificuldade no município

Por André Barbosa
26/10/2017 • 09h12
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Nesta quinta-feira (26), completa cinco anos que os primeiros imigrantes haitianos de Porto Príncipe chegaram em Três Lagoas em busca de trabalho e melhores condições de vida. Dos 18 primeiros jovens, apenas três permanecem no município. Para celebrar a data, a Organização Comunitária dos Haitianos participará de culto evangélico e também sediará uma reunião com os integrantes, com músicas e apresentações típicas, bem como a promoção de um debate sobre o problema dos atravessadores, na hora da expedição de documentos como o visto brasileiro e o passaporte, entre outros.

Atualmente, segundo a COH, 800 conterrâneos vivem em Três Lagoas. Destes, menos de 230 estão empregados. Se por um lado, deixaram seu país, em busca de trabalho, por outro, vivem com seus familiares também trazidos de lá, posteriormente, realizando pequenos trabalhos e mascates, para sobreviverem.

Entre os três primeiros imigrantes que chegaram em 2012, em Três Lagoas, está Frantz-Set Valcius (33), secretário da Organização. Devidamente documentado com a classificação permanente, o haitiano era pedreiro em seu país e, ao chegar no Brasil, atuou como metalúrgico, operador e, recentemente, passou a trabalhar no ramo de construção civil. “No Haiti não havia serviço. Depois do terremoto, vi a oportunidade de vir ao Brasil, em busca de emprego e poder ajudar minha família. Sempre gostei das ‘coisas’ brasileiras. Já acompanhava, desde pequeno, Zico e Bebeto, no futebol e sonhava conhecer o país”, disse.

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Frantz-Set fala inglês, francês, espanhol e português, mas, ficou desempregado há poucos dias. Com o ensino médio incompleto, busca melhorar ainda mais a fala e tentar uma faculdade. “Há muita burocracia para retirarmos documentos. Precisa utilizar os Correios, pagar taxas pesadas, além da demora, pois tem que requisitar no Haiti. Apesar de hoje em dia não haver intermediários, ainda tudo é muito caro”, lamenta.

O haitiano, que saiu de sua terra, passando pela República Dominicana, Equador, Peru e desembarcando no Acre, onde trabalhou por um ano, não quer mais deixar o Brasil. “Pretendo voltar ao Haiti, para buscar minha filha de 12 anos, que mora com uma tia. Sua mãe morreu e foi sepultada sem o devido registro e, por esse motivo, o Brasil não aprova o visto. Dei entrada na solicitação e estou aguardando a tramitação. Amo o Brasil e somos bem tratados. Desde que chegamos aqui, apenas dois casos de preconceito foram registrados. Mas, neste fator, não temos mais o que reclamar”, finalizou Frantz-Set.

A celebração dos haitianos não será aberta ao público.

Parte dos estrangeiros busca oportunidade de trabalho na construção civil. Foto: Cláudio Pereira/JPNEWS

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