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Três Lagoas, 23 de abril

Matriz social da Cidade foi modificada, disse secretário

Para Wantuir Jacini mudança veio com importação de mão-de-obra

Por Redação
27/11/2008 • 07h00
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“Com a importação da mão-de-obra, se importaram também costumes sociais” e com isso, a “matriz social de Três Lagoas foi modificada”, disse o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Francisco Brasil Jacini, ao referir-se ao aumento dos índices de criminalidade na Cidade.
O Secretário esteve ontem (26) no Centro Cultural “Professora Irene Marques Alexandria”, ao lado da Biblioteca Municipal “Doutor Rosário Congro”, onde proferiu palestra aos alunos do curso de Formação de Soldados do 2º Batalhão da Polícia Militar (2ºBPM).
Além dos 59 alunos do curso, coordenado pelo capitão PM, Paulo Ribeiro dos Santos, a palestra foi assistida pelo comandante geral da Polícia Militar, coronel Geraldo Garcia Orti; pelo comandante em exercício do 2º BPM, major Wilson Sérgio Monari; presidente da Câmara Municipal, vereador Antônio Rialino Medeiros de Araújo; delegado regional da Polícia Civil, Vitor José Fernandes Lopes; diretor da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciária (Agepen), tenente coronel, Deusdete Souza de Oliveira Filho; e pelo diretor da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), tenente reformado da PM, Milton Gomes da Silveira
Em sua palestra, Wantuir Jacini falou do planejamento estratégico para combater o avanço da criminalidade, em Três Lagoas e no estado de Mato Grosso do Sul . Para isso, além de apresentar a estrutura funcional da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o secretário comentou que é importante que se avaliem as causas sociais da violência.
Ao observar que “a matriz social de Três Lagoas foi modificada com a importação da mão-de-obra e suas conseqüências”, Wantuir não quis dizer que a Cidade importou criminosos, mas que a movimentação de trabalhadores, mais geração de emprego, dinheiro e renda também atraiu a ação de criminosos.

DESESTRUTURA FAMILIAR


Na palestra aos futuros policiais e ainda discorrendo cobre as causas sociais da violência, Wantuir Jacini falou também da desestrutura familiar e educacional e da distorção dos costumes. Estes têm sido os principais motivos que levam muitos adolescentes e jovens à prática do crime, segundo avaliou o secretário.
Com o surgimento da oferta de emprego e necessidade da mãe também trabalhar para completar a renda da família, a educação dos filhos é confiada à empregada doméstica, à escola e outras instituições. “A mãe deixou de ser a importante educadora do lar”, observou. “Hoje, o homem e a mulher saem para trabalhar e deixam seus filhos com terceiros”, completou.
Em outro ponto da palestra, Wantuir Jacini comentou sobre a conscientização da população sobre segurança pública, referindo-se ao artigo 144 da Constituição Federal, que diz que todo o cidadão é responsável pela segurança pública. “Hoje, toda a responsabilidade é repassada para as polícias. Para tudo ela é requisitada”, comentou.
Um outra causa social da violência, segundo o Secretário, é a “sensação de impunidade” que prevalece no mundo moderno. O criminoso sabe que ele é preso, mas que também facilmente poderá ser logo solto.
O que agravou ainda mais a situação da segurança pública, em Três Lagoas e em todo o Estado foi a falta de investimentos.  Wantuir reconheceu que houve um acúmulo de “demanda reprimida da Sejusp”, nos últimos governos, com a acentuada falta de investimentos em recursos materiais e humanos.
A falta de concursos públicos causou a redução do quadro de pessoal, que não acompanhou o crescimento populacional do Estado. Por essa razão, o governador André Puccinelli abriu concursos públicos para preenchimento do quadro dos Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil. Além dos mil policiais militares em formação no curso de soldados, será aberto outro para mais 300 vagas, anunciou.

PENITENCIÁRIAS


No decorrer da palestra, ao abordar as causas técnicas policiais da segurança pública, Wantuir Jacini referiu-se também à situação em que se encontram as nossas penitenciárias. Essa situação de “hiper-lotação” tem causado altos índices de reincidência criminal, avaliou. “Temos 12 mil presos e um déficit de vagas de mais de cinco mil nas nossas penitenciárias”, comentou. Por falta de estruturas e investimentos, “junta-se na mesma cela o ladrão de galinha com o ladrão de banco”, disse. No final, quando o criminoso sai da penitenciária, “ele vira soldado do crime organizado”, completou.
Existem muitas falhas no nosso sistema carcerário e nos programas de ressocialização do preso. “Esse problema não é só nosso, mas de todo o Brasil”, comentou.
Na palestra, o titular da Sejusp expôs também a programação de políticas de material e de pessoal que vêm sendo adotadas pelo Governo do Estado.
Além dos concursos públicos, “existe a preocupação de capacitação constante do pessoal”, disse. (C.A.)

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