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Três Lagoas, 24 de abril

‘Medida protetiva é efetiva no caso dos homens que temem a Justiça’, diz delegada

Somente em janeiro deste ano, Três Lagoas registrou 113 casos de violência doméstica

Por Ana Cristina Santos
26/02/2018 • 16h00
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A violência doméstica está entre os crimes mais registrados em Três Lagoas pelas polícias Militar e Civil. Somente em janeiro deste ano, foram 113 boletins de ocorrências por esse crime. Em todo o ano passado foram 1.310. São quase quatro casos registrados diariamente na cidade.

De acordo com Letícia Mobis, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) essa tem sido a média de casos de violência doméstica registrada em Três Lagoas. O que chama atenção neste início de ano, segundo a delegada, é a gravidade dos crimes. Dois casos de feminicídio com quatro mortes. Os homens mataram as mulheres e depois cometeram o suicídio .

Em entrevista ao Jornal RCN Notícias da Rádio Cultura FM (106,5MHz), Letícia citou também um caso de lesão corporal registrado nesse início do ano, em que um homem jogou a mulher do prédio.

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Para a delegada, o fator psicológico, como depressão, também está relacionado aos casos de feminicídio. A maioria dos casos de agressão, segundo ela, é motivada pelo fim do relacionamento, ou quando a mulher consegue ter independência financeira, e saí do “domínio do homem”. “Ele não aceita perder. Isso não tem a ver com amor, e sim com sentimento de posse, o orgulho ferido”, destacou a delegada.

Ainda de acordo com a responsável pela Deam, quando existe uma dependência financeira dificilmente rompe o ciclo da violência, principalmente quando a mulher tem filhos. Por esse motivo, a Casa do Trabalhador de Três Lagoas deve desenvolver em parceria com a delegacia e Secretaria de Assistência Social um projeto visando inserir essas mulheres no mercado de trabalho.

MEDIDAS PROTETIVAS

Em relação às medidas protetivas, a delegada explicou que depende da vítima requerer. “O Poder Judiciário entende que a medida protetiva depende do desejo de representar contra o homem. Nos crimes de ameaça, um dos mais comuns, depende da mulher falar que quer ou não que o homem seja processado. No caso de lesão corporal, já não é necessário, pois querendo ou não, ele será processado”, explicou.

Para a delegada, um dos desafios da efetividade é o cumprimento da medida protetiva, pois em Três Lagoas não existe um sistema de monitoramento. Em Campo Grande, segundo ela, já existe um sistema que permite ver quando o homem se aproxima da mulher, que é o “botão do pânico”. “É como se fosse um controle de portão automático. Ela aperta a maquininha bem discreta e já sai um alerta para central de polícia, que se desloca onde ela estiver”, explicou.

Segundo Letícia Móbis, a medida protetiva é efetiva no caso dos homens que temem a Justiça, pois existem muitos agressores que veem aquilo como um pedaço de papel. Portanto, deixa de ter uma efetividade.

De acordo com a delegada, cabe ao Estado e ao Poder Judiciário providenciarem esse sistema de monitoramento para proteger as mulheres.

 

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