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Três Lagoas, 25 de abril

Mercado reage, mas desemprego ainda ‘assombra’ famílias em Três Lagoas

Mesmo com queda na taxa de desemprego, filas de pessoas ainda se formam diariamente em frente à Casa do Trabalhador

Por Tatiane Simon
08/08/2017 • 11h16
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A taxa de desemprego no Brasil caiu para 13% no segundo trimestre deste ano (abril/junho). Esta é a primeira queda significativa do indicador desde o fim de 2014, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda que o dado seja positivo, ainda há pouco a se comemorar, isso porque o mesmo estudo revela que o desemprego atinge a 13,5 milhões de pessoas no país. Em Três Lagoas, o cenário é parecido: o mercado de trabalho formal mais emprega do que demite, mas o desemprego ainda tira o sono de centenas de famílias. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no acumulado do ano, de janeiro a junho, Três Lagoas registrou 11.194 admissões, contra 10.989 demissões - saldo de 205 novas vagas. Em 12 meses, o município contratou 22.151 trabalhadores e desligou 19.948 - saldo de 2.203 novos postos de trabalho abertos no período de um ano.

Segundo dados fornecidos pela Casa do Trabalhador, órgão ligado à Fundação do Trabalhador (Funtrab) de Mato Grosso do Sul e ao Ministério do Trabalho e Emprego, em média, 350 pessoas por dia vão até lá em busca de uma vaga de emprego. Por trás da colocação no mercado de trabalho, escondem-se sonhos: de voltar para sua cidade natal, de quitar as dívidas, de rever a família.

Reginaldo Oliveira dos Santos. 
Foto: Hugo Leal/JPNEWS

A reportagem do JPNEWS esteve na Casa do Trabalhador e conversou com quatro homens – de histórias e ideais bastante parecidos. Como a de Reginaldo Oliveira dos Santos, de 50 anos, que veio de Aracaju (SE), e o de Antônio de Jesus Nascimento, de 65, que trocou Camaçari (BA) por Três Lagoas, ambos trabalhadores do setor da construção civil e desempregados.

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“Parado é que não posso ficar; se aparecer outro serviço, tenho que agarrar. Deixei filhos em Aracaju, o seguro-desemprego acabou e a esperança também está acabando”, fala Santos, que chegou à cidade há oito anos e há seis meses não consegue ser recolocado no mercado, assim como Nascimento está aqui há quatro anos.

Antônio de Jesus. Foto: Hugo Leal/JPNEWS

“Para ir embora não me falta vontade, o que falta é dinheiro. Vim com o dinheiro somente para viagem, agora, para voltar, estou tentando arrumar emprego para juntar o dinheiro necessário para voltar para casa”, fala Antônio de Jesus, que acrescenta ainda estar devendo contas de água, energia elétrica e aluguel há três meses. “Nem bico na cidade estamos encontrando. Estamos passando como Deus prepara. Todo dia estamos aqui, no banco da Casa do Trabalhador a espera de uma vaga”, complementa. 

Marcos Menezes da Silva. Foto: Hugo Leal/JPNEWS

Moradores da região Nordeste do país também se deslocam à Três Lagoas, como é o caso do montador de andaime Marcos Menezes da Silva, de 24 anos, que deixou há dois meses a cidade de São Luiz (MA) depois de completar três anos desempregado. “Vim tentar a sorte aqui. Minha esperança é contratação para segunda linha da Eldorado, já que a Fibria já concluir esta etapa, e na barragem de Jupiá. Mas do jeito que está, não dá para ser muito otimista. Minha mãe espera que eu a mande dinheiro, mas que jeito?”. 

André Philistin, haitiano. Foto: Hugo Leal/JPNEWS

O haitiano André Philistin vive há três anos e meio no Brasil e há dois meses em Três Lagoas. Decepcionado com a baixa contratação em sua área de atuação, ele decidiu voltar para perto da família. “Trabalho como operador de retroescavadeira e conclui que não adianta insistir mais. Tudo o que tenho está dentro desta mochila; estou pronto para ir embora”, fala.

Setores mais aquecidos

O setor em que os quatro entrevistados atuam é o mesmo: o da construção civil, um dos que menos empregaram no primeiro semestre deste ano, segundo informações do diretor da Casa do Trabalhador de Três Lagoas, Elton Irmão. “Até o final do ano passado era o setor que liderava o ranking de contratações em nosso município. Mas o perfil está mudando; o serviço e o comércio foram os que mais contrataram neste primeiro semestre”, pontua.

Aproximadamente 80% dos atendimentos são
por procura de emprego. Foto: Hugo Leal/JPNEWS

Sobre as contratações a partir de agosto deste ano, Elton se diz bastante otimista. “Temos várias indústrias se instalando na cidade e isso vai gerar novos postos de trabalho. A empresa que fará as turbinas da barragem no Jupiá, em Três Lagoas, e Ilha Solteira (SP) vai abrir 270 postos de imediato e será por meio da Casa do Trabalhador. Além disso, a contratação para o frigorífico de tilápias, em Selvíria, será também através daqui e sabemos que 90 vagas serão abertas de imediato para que inicie a produção”, e complementa informando que o setor de logística teve um aquecimento muito grande de janeiro a julho deste ano, quando a Casa do Trabalhador contratou aproximadamente 250 motorista categoria E, inclusive, motorista sem experiência, que foram contratados para serem capacitados em três meses. 

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