O Ministério Público Federal e Estadual de Mato Grosso do Sul cobra a restauração de patrimônios históricos e ferroviários de Três Lagoas. Duas ações neste sentido tramitam na Justiça para que o Município, União e empresa responsável pela ferrovia preservem esses patrimônios.

O MPF moveu uma ação contra a empresa responsável pela ferrovia e os órgãos federais responsáveis por esse patrimônio e contra a própria União para apurar possível omissão relativa aos imóveis de valor histórico oriundos da antiga RFFSA em Três Lagoas. Na ação, o Ministério Público pede uma série de medidas para a preservação das estações ferroviárias, inclusive em outros municípios que fazem parte da jurisdição de Três Lagoas.

No final do ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) repassou ao município 21 imóveis que pertenciam à ferrovia. A administração municipal chegou a cogitar a instalação de alguns órgãos públicos no prédio da antiga estação ferroviária, no Centro da cidade, mas no termo de cessão de uso está a obrigação de o município restaurar e preservar as raízes culturais do patrimônio.

De acordo com o diretor do Departamento Municipal de Cultura, Rodrigo Fernandes, a administração trabalha, não apenas para preservar o patrimônio ferroviário, mas também para utilizar o espaço para fins culturais. Segundo Rodrigo, o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), tem dado uma atenção especial para as questões culturais e deve apresentar um novo projeto para essa área.

Na próxima semana, inclusive, terá início o processo de restauração da locomotiva “Maria Fumaça”, que está há 40 anos no pátio da antiga Noroeste do Brasil. A administração chegou cogitar em levar o maquinário, após restaurado, para a praça Ramez Tebet, mas o prefeito já adiantou que a locomotiva vai ficar nas imediações da antiga estação ferroviária, em um local para visitação.

O diretor de Cultura participou ontem de um encontro ferroviário em Bauru (SP), onde existe um museu ferroviário. A prefeitura deve renovar um convênio com o museu daquele município para implantar um, em Três Lagoas.  Segundo o diretor, o município dispõe de vários acervos, mas esbarra na falta de um espaço físico adequado para abrigar o museu.

Além do patrimônio ferroviário, o município trabalha ainda para desapropriar dois imóveis particulares, que são históricos também. Um fica na avenida Rosário Congro, nas proximidades da praça, em frente aos barracões da antiga ferrovia. Outro é um prédio que abrigou um órgão do antigo Consulado Português, na rua Paranaíba, no Centro. Esse último o município foi condenado a restaurar, conforme decisão da Justiça embasada em ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual. A prefeitura, no entanto, após reformá-lo, pretende desapropriá-lo.