RÁDIOS
Três Lagoas, 19 de abril

Motoristas são reprovados em testes toxicológicos

Uso de drogas foi confirmado em exames em Três Lagoas

Por Kelly Martins
18/02/2017 • 10h48
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Nos primeiros dois meses de aplicação da lei que exige a realização de exame toxicológico em motoristas de caminhão e ônibus, em Mato Grosso do Sul, seis condutores profissionais foram reprovados em testes médicos no estado. Quatro deles são de Três Lagoas e o uso de drogas foi identificado em exames feitos em laboratórios, segundo levantamento realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS) ao Jornal do Povo. 

A obrigatoriedade do exame toxicológico para os processos de renovação, reabilitação, adição e mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias C, D e E passou a valer no estado em 15 de dezembro de 2016 após determinação judicial. O exame foi estabelecido em resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que entrou em vigor no país no dia 2 de março do ano passado. O Detran-MS recorreu à Justiça contra a obrigatoriedade e obteve liminar. Porém, nove meses depois, a Justiça Federal revogou a decisão. 

De acordo com o balanço, entre os meses de dezembro e janeiro, foram feitos 583 exames toxicológicos em Mato Grosso do Sul, sendo 42 deles em Três Lagoas. Seis foram barrados nos testes de aptidão física, que incluem exame toxicológico, de visão e respiratório.

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O exame é feito apenas quando o motorista vai renovar a CNH ou mudar para uma das categorias estabelecidas na lei. Ele consegue detectar substâncias como cocaína, crack, maconha, anfetamina e suas derivações dentro de 90 dias. O teste deve ser realizado por laboratórios autorizados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que coletam materiais biológicos, como cabelos, pelos ou unhas.

PESO NO BOLSO

O problema apontado pela maioria dos motoristas é o valor do exame. A equipe de reportagem entrou em contato com os laboratórios em Três Lagoas e constatou que o teste chega a custar entre R$ 320 a R$ 340. “É muito caro. Fora da realidade do bolso do trabalhador. Sei que é importante esse tipo de lei que serve para evitar os riscos e as imprudências nas estradas. Mas, o valor poderia ser mais acessível”, avalia o motorista Luiz Alberto de Souza, de 59 anos, e que há mais de 20 anos é caminhoneiro. Sete laboratórios na cidade estão credenciados no Denatran e habilitados para o exame.

DROGA NA ESTRADA

O motorista José Oliveira, que trabalha no transporte de madeira há 10 anos, diz que o uso de droga é comum nas estradas. Ele acredita que a carga horária e a pressão das empresas incentivam o uso de entorpecentes o que consequentemente reflete em acidentes de trânsito. “Infelizmente muitos condutores profissionais ainda fazem o uso de entorpecentes, não respeitam as leis, geram riscos nas rodovias”, frisa. 

INEFICÁCIA

Para o diretor-presidente do Detran-MS, Gerson Claro, o exame não é capaz de definir com precisão o momento exato do consumo da substância ilícita. “O Brasil é o único país a exigir o exame desta forma e não há comprovação científica da efetividade do exame na diminuição dos acidentes de trânsito”, concluiu.

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