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Três Lagoas, 19 de abril

NOB é um dos fatores iniciais para emancipação de Mato Grosso do Sul

Afirmação vem de pesquisadores do Governo do Estado, que recontam a história político-econômica do MS

Por André Barbosa
11/10/2017 • 06h15
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Século XX. Ainda nas primeiras décadas, as relações entre o Campo Grande e Cuiabá começavam a ficar menos relevantes, na busca de desenvolvimento e dinamização da economia. Um dos principais fatores que contribuiu para esse quadro, era a ligação com o estado de São Paulo pela antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Ainda não havia a afirmação como território independente de Mato Grosso, mas movimentos começavam a ganhar mais força. A afirmativa surge em uma pesquisa do Governo do Estado, que, entre outros fatores, aponta os interesses regionais na consolidação.

De acordo com a pesquisa, a história político-social e econômica remonta a acontecimentos do fim do século XIX, que deram início às mobilizações e manifestos em favor da divisão do MT, que aconteceria quase um século depois.

Quando já era considerada uma causa perdida, o movimento ganhou força com o recrudescimento do regionalismo sul-mato-grossense. Mas, lideranças políticas à época asseguraram que pesou no desmembramento do uno Mato Grosso, a visão militarista sobre a geopolítica brasileira.

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Historiadores apontaram que a conjugação de interesses regionais entrelaçou as condições que possibilitaram a vitória de uma causa considerada perdida. Os interesses da oligarquia agrária sulista, a rivalidade política entre Cuiabá e Campo Grande e a elite da pecuária foram os componentes principais do movimento separatista. Cada vez mais utilizada, o principal meio de transporte da época, a estrada de ferro da NOB entre São Paulo e o MS, ‘não parava’, aumentando a rivalidade.

 

Ciclos

Por volta do ano de 1889 políticos corumbaenses propuseram, por meio de manifesto público, a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá, iniciando aí o movimento divisionista que, gradativamente, foi se estabelecendo com os debates políticos e manifestações populares.

Os objetivos divisionistas quase sempre se confundiam com interesses do coronelismo. Havia uma elite formada pelos fazendeiros, que defendia a ideia separatista.

A partir de 1920, com a transferência do comando da Circunscrição Militar para Campo Grande e o aumento do contingente militar no Sul de Mato Grosso, as oligarquias sulinas, decepcionadas com as antigas alianças, aliam-se aos militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local.

De 1930-1945, o movimento começa a se organizar. As lutas armadas, gradativamente, são substituídas por pressões políticas junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossenses aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. Essa revolução serviu para divulgar a ideia divisionista e Campo Grande torna-se o centro político de difusão do movimento. 

Em 1943, Getúlio Vargas, em nome da segurança das fronteiras cria o Território de Ponta Porã, excluindo Campo Grande, a principal cidade divisionista. Nesse período, o sul de Mato Grosso é marcado por grande prosperidade, mas, sem poder, contudo, assegurar o equilíbrio das finanças estaduais.

Em 1946, após a promulgação da Constituição, o governo federal extingue o Território de Ponta Porã reintegrando a região ao MT. Apesar dessa política, os divisionistas, durante as reuniões da Assembleia Constituinte, reorganizam-se e tentam a transferência da capital de Cuiabá para Campo Grande.

De 1964-1977, o golpe de 31 de março de 1964 põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Nesse período, os políticos divisionistas aproximam-se dos militares, o que lhes permite tomar parte de algumas comissões que estudam (secretamente) as potencialidades políticas que impediam a divisão de Mato Grosso.  

A decisão de desmembrar Mato Grosso e criar Mato Grosso do Sul foi tomada em abril de 1977, pelo terceiro presidente do regime militar, Ernesto Geisel, seis meses antes da assinatura da Lei Complementar nº 31, em 11 de outubro. A divisão efetivamente aconteceu em janeiro de 1979 com a instalação do governo do novo Estado.

Fonte: Pesquisador Edmir Conceição, Portal MS

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