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Três Lagoas, 28 de março

Igreja para gays prepara casamentos LGBTS em Três Lagoas

Instituição voltada ao público homoafetivo está na cidade desde outubro de 2017

Por André Barbosa
25/01/2018 • 10h50
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O casamento gay no âmbito religioso passará a ser realizado em Três Lagoas, ainda no primeiro semestre de 2018. A afirmação é de uma nova denominação evangélica voltada ao público Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais e Simpatizantes (LGBTS) do município, a Igreja Batista Apostólica das Nações (Iban), que promete ministrar a cerimônia homoafetiva em sua sede, no bairro Santa Rita. A novidade causa polêmica no meio evangélico e não é reconhecida pelo Conselho de Pastores do município.

Instalada em Três Lagoas desde outubro de 2017, a Iban é coordenada por sua fundadora, a pastora Daiane Lopes. De acordo com ela, o objetivo da instituição, que tem sede em São Paulo, é melhorar a autoestima da população LGBTS do município.

“O foco da igreja é buscar as pessoas que se sentem excluídas, abandonadas, mas, principalmente dar ao público LGBT a oportunidade de buscar e adorar ao senhor, do jeito que eles são. Ensinamos que Deus nos ama do jeito que nós somos. Eles poderão vir à igreja e serão bem recebidos. Podem adorar a Deus do jeito que eles são, pois seu louvor vai chegar ao céu”, disse a religiosa.

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Daiane explicou que o casamento homoafetivo, que já tem parceiros à espera de agendamento, faz parte do objetivo da igreja. “Incentivamos o amor das pessoas do mesmo sexo. E não a prostituição, como muitos atribuem maldosa e erroneamente, mas sim a fidelidade, a paz e a compreensão entre as pessoas do mesmo sexo”, disse.

Daiane informou que a igreja está apta para as celebrações. “Os registros já estão legalizados aqui e vamos começar a fazer casamento sim, a partir deste ano. Religioso será uma novidade em Três Lagoas, pois no [Cartório] civil já acontece. Muitas pessoas sonham com isso. Vivem casadas no civil e têm este sonho que agora podem tornar realidade. Algumas pessoas já me procuraram falando que querem casar, mas ainda não tem nada agendado porque estamos terminando de legalizar a parte burocrática”.    

Questionada sobre pessoas que estão em dúvida sobre a própria sexualidade, a pastora respondeu que a intenção é libertar das dúvidas. “Eu estarei sempre orientando do jeito que a pessoa me buscar, me perguntar. Aquela que ainda não se decidiu, que possa se entender e a partir deste momento, se aceitar. Existem muitos homossexuais que não se aceitam, por isso se martirizam muito, alegando que as outras pessoas é que não os aceitam. Precisam se aceitar primeiro para depois a família os aceitar".

Daiane Lopes, que também é professora de Educação Física e ex-cantora sertaneja, conta que sofreu preconceito. "Sempre quis ser mais para Deus e não me sentia incluída dentro da igreja. Não que excluem o homossexual, mas também não oportunizam e o fiel só fica ali, 'no banco'. Para eles, isso não é certo, é pecado e, com isso, esfriam as pessoas que não se sentem bem, aconchegadas. Senti no coração o Espírito Danto me tocando. O gay não é respeitado ou amado em Três Lagoas e queremos mudar isso".

Conselho é contra

Em Três Lagoas há aproximadamente 600 denominações evangélicas. O Conselho de Pastores, que detém cerca de 150 denominações associadas, informou que não reconhece a nova religião.

Segundo o tesoureiro da entidade, pastor Alessandro Costa, o órgão atende as igrejas evangélicas e seus pastores. "Temos uma regra em todas as igrejas que o próprio nome já diz: evangélico é aquele que crê no Evangelho. Então, temos na Biblia Sagrada como nossa única regra de fé e prática. O que foge da disso não se enquadra no conselho e nas igrejas evangélicas. Podemos ter várias religiões, interpretações e formas de crença. Nós respeitamos todas elas, mas para se enquadrar tem que ter a Bíblia Sagrada na fé e na prática", disse.

Para o pastor, que fala em nome do conselho, a celebração religiosa ou civil homoafetiva não existe. "Aceitamos a todos e ajudamos a todos sem discriminação para a mudança. Mas, a Biblia nos ensina que o casamento homoafetivo não é legal, praticado ou aconselhado. As escrituras censuram este casamento. Então, não praticamos e é a maneira que nós cremos. Vão surgir, e estão surgindo diversas religiões, e cada vez surgem mais. Mas, dizer que esta religião é evangélica é um exagero. Para ser evangélico precisa cumprir o Evangelho. Nós nunca poderemos incluir uma igreja desta espécie no Conselho de Pastores porque, em nossa visão bíblica, isso não é Evangelho", finalizou.

*Na galeria de fotos, a ordenação de Daiane e membros da Iban em Três Lagoas e em São Paulo.

 

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