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Três Lagoas, 16 de abril

Pessoas com deficiência encontram resistência

Atualmente, instituição acompanha 50 deficientes intelectuais que estão trabalhando

Por Arthur Freire/JP
27/04/2013 • 08h01
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A inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho foi tema de uma reunião promovida através de parceria entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e o Ministério do Trabalho. O evento aconteceu na tarde de quinta-feira e contou com a participação do auditor fiscal, Wallace Faria Pacheco, coordenador do projeto de inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em Campo Grande.

De acordo com ele, o projeto nasceu há três anos com o objetivo de fiscalizar as empresas de Mato Grosso do Sul sobre o cumprimento da “Lei das Cotas”. Pela legislação, uma empresa com um quadro a partir de 100 funcionários deve destinar certa porcentagem das vagas para pessoas com deficiência. No entanto, na prática, a lei está longe de ser cumprida na íntegra. 

De acordo com Pacheco, é alto o déficit de deficientes trabalhando, porém, as vagas existem. “Esse fenômeno deve-se a dois motivos: ainda há resistência por parte dos empresários em contratar o portador de deficiência. Isso é fato. Mas também há outras barreiras, como a falta de qualificação profissional e a resistência da própria pessoa com deficiência”, explicou.

Além disso, para tentar mudar esse quadro, foi lançado, no ano passado, o BBC do Trabalho [Benefício de Prestação Continuada], que visa estimular o deficiente a ser inserido no mercado. “Também estamos buscando parcerias junto às empresas e ao poder público para qualificar essas pessoas”, disse. 

APAE
Atualmente, a Apae acompanha 50 jovens inseridos no mercado de trabalho de Três Lagoas. Conforme a coordenadora do projeto, Silvana Cristina Fortanelli, esses profissionais estão em segmentos variados, como auxiliar de produção, auxiliar de limpeza, administrativo e até em salões de beleza. “Existem alunos em vários setores e todos estão apresentando excelentes resultados. Já ouvimos empresas dizer que prefeririam contratar cinco alunos nossos a dez trabalhadores”, explicou.

Ela explicou que a resistência por parte de algumas empresas ainda existe, mas é minoria. “Temos tanto as empresas oferecendo vagas quanto pessoas com deficiência escolhendo postos de trabalho. O nosso objetivo é buscar um equilíbrio para que se coloque a pessoa certa no posto de trabalho adequado”.

A coordenadora lembra, porém, que a Apae só trabalha com a qualificação dos deficientes intelectuais. Portadores de outros tipos de deficiência precisam procurar outras instituições, como o Sistema S, para se qualificarem. 

NÚMEROS
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam a dificuldade de inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Dados coletados para o Censo 2010 apontam que, na terra da oportunidade, apenas 9% dos deficientes estavam empregados. 

Naquele ano, o município tinha 260 cegos (cegueira total), 2.389 com grande dificuldade para enxergar e 15.076 com alguma dificuldade. Além disso, os casos de deficiência auditiva (750 surdos e 3.812 com alguma dificuldade) e motora (259 com deficiência total, 1.841 com grande dificuldade e 4.349 com alguma dificuldade). Além disto, a cidade tinha 1.605 pessoas com deficiência intelectual.

Porém, poucos deles estão inseridos no mercado de trabalho. Há três anos, a cidade tinha 98 cegos; 16 deficientes motores e 40 deficientes auditivos no mercado de trabalho formal. Os dados do IBGE levaram em conta apenas as deficiências consideradas totais ou de grande dificuldade e também não citam os casos de deficiência intelectual. (Com a colaboração da TV Concórdia)

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