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Três Lagoas, 26 de abril

Policiais Civis protestam contra baixos salários

Em 25º lugar no ranking de salários no Brasil, categoria ameaça greve no próximo mês

Por Arthur Freire/JP
10/04/2013 • 08h55
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Membros do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol/MS) promoveram, na tarde de ontem, uma manifestação em Três Lagoas contra os baixos salários pagos em Mato Grosso do Sul. O protesto pacífico, com a distribuição de panfletos informativos, aconteceu no comércio, próximo ao Relógio Central.

De acordo com o presidente do Sinpol, Alexandre Barbosa da Silva, todos os policiais civis de Mato Grosso do Sul, filiados ou não, foram convocados para participarem da Assembleia Geral Permanente, que trará como assunto principal o andamento da negociação salarial para este ano e também para 2014. O evento será realizado hoje, na sede do Sinpol, em Campo Grande, a partir das 11h30. O representante da categoria não descarta a possibilidade de greve no mês que vem. 

Silva explicou que a visita a Três Lagoas serviu para sensibilizar e pedir apoio da sociedade através da divulgação de suas reivindicações com o uso panfletos e faixas, além de outdoors espalhados por todo o Estado. “Estamos passando por vários municípios e hoje estamos aqui, em Três Lagoas, para pedir também o apoio da população e de políticos da região para esta causa. A sociedade precisa dos serviços da polícia civil, mas estamos trabalhando muito e ganhando pouco. Apesar disso, o governo não tem nos dado apoio em nossas causas”, explicou.

Piso Salarial
Os policiais civis reivindicam um aumento salarial de 25%, e a proposta já foi apresentada ao governador do Estado, André Puccinelli, mas, na ocasião, não foi aprovada. Foi oferecido apenas 5%, o que, segundo Alexandre, ainda é pouco. “Atualmente, o salário de um policial civil varia de R$ 2.361 a cerca de 5 mil, mas nossa rotina de trabalho nos oferece vários riscos. Na realidade, saímos de casa e não sabemos se iremos voltar vivos. Por isso, precisamos de apoio e incentivo. Estamos apenas lutando por nossos direitos”, informou.  

De acordo com o presidente, a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul ocupa o 6º lugar no ranking de resolução de homicídios no Estado, entretanto, ainda recebe os piores salários, o que se torna contraditório.

Já no ranking nacional de salário da Polícia Civil, os três estados que atualmente têm os melhores salários são os seguintes: em primeiro lugar, o Distrito Federal, onde o piso salarial é de R$ 7.514,33, com arrecadação de Produto Interno Bruto (PIB), de 150 bilhões; na segunda posição, o estado de Sergipe, com R$ 5.587,41, com o PIB de 23,9 bilhões; em terceiro, vem o estado de Amazonas, com R$ 4.482, com PIB de 59,8 bilhões. Mato Grosso do Sul fica em 25º lugar, com piso salarial de R$ 2.361,21, com arrecadação de 50 bilhões anuais. 
 
Carga horária
Segundo Alexandre, a Polícia Civil encontra-se totalmente defasada em relação ao número de servidores e, por consequência disso, há um grande aumento na carga horária, o que acarreta trabalho excessivo para os policiais. 

“No ano de 2011, contávamos com um efetivo de aproximadamente 1600 policiais. Em 2013, estamos com cerca de 1300. O certo seria dobrar esse número. Para atuar como policial civil é preciso ter curso superior e, durante esse período, o aluno tem gastos altos com os estudos. Depois disso, o pretendente passa no concurso para atuar na área civil, mas muitas vezes há desmotivação devido à falta de retorno financeiro - por conta do baixo salário, desgaste físico e mental e dos riscos oferecidos pela função, fazendo com que o policial desista da carreira e busque outras oportunidades. Cerca de 30 a 40 por cento dos servidores saem de licença médica para buscar apoio psicológico”, disse.

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