RÁDIOS
Três Lagoas, 20 de abril

População não quis a água do poço do Palmito

Jornal do Povo completa 70 anos de muitas notícias, em Três Lagoas

Por Valdecir Cremon
29/07/2019 • 08h10
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Perfurado pela Petrobras, em 1964, durante um programa de prospecção de jazidas de petróleo em Mato Grosso do Sul e São Paulo, a saga do poço do Palmito mereceu capítulos e páginas inteiras de cobertura pelo Jornal do Povo.
A polêmica se acentuou - além de questionamentos sobre gastos da estatal com o programa  de procura de petróleo na bacia do rio Paraná, que gerou gastos estimados em US$ 250 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) - quando a água começou a sair pelas torneiras e chuveiros.

Acostumada a consumir água doce de rios e poços rasos, a população não se habituou com a qualidade salobra - rica em sais minerais, porém menos doce que as demais - do poço do Palmito, perfurado em uma área próxima à rodovia BR-158, entre Três Lagoas e Brasilândia.

A rejeição superou dados técnicos da qualidade da água bombeada do Aquífero Guarani - o maior transfronteiriço do mundo, que abrange Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele tem 1,2 milhões de quilômetros quadrados de extensão territorial, com 70% de suas reservas em território brasileiro - cerca de 40 trilhões de metros cúbicos. 

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O Guarani está distribuído entre os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. 

Mesmo assim, a tentativa de abastecer Três Lagoas com a água do aquífero não deu certo e o poço foi desativado no final da década de 1990. Dez anos depois, a Petrobras ainda sofreu acusação de que haveria risco de explosão do poço devido a pressão da água, que começou a escorrer entre equipamentos e pelo solo.

Ainda em 2015, a Petrobras - dona do poço do Palmito - foi acionada judicialmente pelo Ministério Público para desativar completamente o poço e evitar, assim, o assoreamento do córrego da Moeda, distante cerca de quilômetro.

A reprovação de moradores quanto a qualidade da água ignorou questões como a profundidade perfurada de 4.569 metros, com capacidade de produção de 200 mil litros por hora, em uma temperatura de 46,5 graus centígrados e padrões absolutos de potabilidade, segundo parâmetros estabelecidos em nível mundial.

O Jornal do Povo noticiou todas as etapas da polêmica, inclusive com entrevista publicada em 3 de fevereiro de 2009, com o gerente regional da estatal Sanesul - responsável pela distribuição da água à população -, Júlio Seba Bobadilha, confirmando que o poço seria fechado. O que ocorreu no ano seguinte, com a perfuração de mais dois poços rasos para manutenção do abastecimento. Cinco anos depois, as reclamações de consumidores continuavam porque a estatal ainda distribuía parte da água misturada a de outros poços para garantir que o produto chegasse a todas as casas. 

Os poços que compensariam a suspensão do abastecimento com água do Palmito só foram perfurados em 2011, com gasto que passou dos R$ 240 mil. Mas, os problemas ainda não haviam acabado. Em 2017, a estatal foi condenada a reparar danos ambientais causados pelo vazamento de água. 

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