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Três Lagoas, 19 de março

'Retomada do crescimento econômico depende de controle da dívida pública'

Jornalista Carlos Alberto Sardenberg vê descontrole no endividamento do governo federal como causa da retração econômica

Por Valdecir Cremon
15/07/2018 • 07h00
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Paralisar investimentos é um desastre para qualquer país. Não seria diferente com o Brasil. As duas afirmações foram tiradas, resumidamente, da palestra do jornalista especializado em economia, Carlos Alberto Sardenberg, no início desta semana, em Campo Grande, num evento promovido pelo Grupo RCN de Comunicação. Clara e objetivamente, mas carregado de informações numéricas, o jornalista afirmou que o governo manteve em dia o que lhe garante apoio político e minimiza impactos em sua já combalida popularidade: o pagamento de salários dos servidores e de benefícios a aposentados e pensionistas da Previdência, além dos encargos constitucionais obrigatórios, com saúde e educação. Fazendo isso, manteve elevado o endividamento e comprometeu o crescimento do país. Para ele, a dívida pública é o principal entrave do desenvolvimento brasileiro.

Jornal do Povo - Com todo esse cenário, o que explica a retomada do crescimento ocorrida após 2016, após vários anos em queda?

Carlos Alberto Sardenberg - O que acontece é que os principais setores da economia se tornaram "guias autônomos", independentes do governo. 

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JP - Caminham sozinhos?

Sardenberg - Digamos que esses setores, como é o agronegócio, aprenderam a conviver com as trapalhadas dos governos. Por exemplo, o governo fica discutindo acusações de corrupção e lutando para não perder o poder, enquanto que a privatização ou somente a modernização dos portos segue empacada. 

JP - Apesar das crises consecutivas, o agronegócio passa imune?

Sardenberg - Nenhum setor fica totalmente imune a crises econômicas. É evidente que o agronegócio padece, por exemplo, pela falta de investimentos em transporte. Com estradas ruins, ou em muitos estados, até sem estradas, quem paga a conta é o agronegócio porque não consegue escoar a produção. E quando consegue, tem que pagar a alta carga tributária sobre todos os insumos do transporte. O governo se endivida, não consegue se ajustar, e não faz os investimentos que o país precisa. 

JP - O governo não faz gestão da política econômica?

Sardenberg - Temos um governo absolutamente desprestigiado politicamente e impopular. Mas, ninguém pode negar que a condução da política econômica brasileira é o que há de melhor. Tanto que os números da economia mostram uma curva ascendente a partir de 2016, após diversos resultados negativos, especialmente a partir de 2012. 

JP - E por que a economia não se estabiliza?

Sardenberg - O governo do presidente [Michel] Temer não possui mais apoio no Congresso, que é por onde passa todas as medidas econômicas. Sem o congresso ao seu lado, o governo não tem como encontrar solução perene. 

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