Em apenas 18 dias do início do ano, Três Lagoas já registra média de uma morte violenta a cada três dias, a mais recente, ocorrida no domingo (14) e revelada dois dias depois. Ao menos quatro pessoas perderam a vida por uso de arma - uma delas, por esfaqueamento.
O número é visto com preocupação por populares e autoridades, que consideram o município de 115 mil habitantes, um dos mais violentos do Estado. O dado assusta, se comparado com o ano de 2017 em que, durante todo o mês de janeiro, somente um homicídio foi registrado.
De acordo com o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia, Orlando Vicente, a situação é preocupante. “A cidade é violenta, se levarmos em conta, o número de habitantes. A maioria dos casos de violência fatal vem de residenciais como o Novo Oeste e Orestinho. Todos os homicídios foram cometidos por três-lagoenses e não por pessoas que chegam ao município para trabalhar. São todos daqui, ao contrário do que muitos pensam. A maioria dos trabalhadores das grandes obras foram embora”.
O delegado, que está há 7 anos à frente da 3ª DP aponta que entre as motivações mais comuns para as mortes violentas estão o desemprego que levam a desavenças familiares e drogas. “Em minha opinião, é preciso investimento direto para o povo, nas áreas de esporte e, principalmente, cultura e lazer. Não existe opção para os jovens e muitos ficam sem ter o que fazer. Também faltam lugares para as pessoas com mais de 50 se divertir. É uma cidade em que não tem nem cinema”, disse.
Segundo a Polícia Civil revelou que a maioria dos crimes envolve jovens e homens que têm entre 20 e 40 anos, com algum tipo de relação com o tráfico de drogas ou brigas entre grupos rivais. Um dos casos é de latrocínio – roubo seguido de morte. Outra causa inserida é a motivação passional.
CRIMES DE 2018
Na noite de 10 de janeiro, o pedreiro Robson da Silva de Lima, de 29 anos, foi esfaqueado por um síndico durante uma discussão no residencial Orestinho, zona Oeste de Três Lagoas. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu pela manhã.
No domingo (14), a agricultora Halley Coimbra Ribeiro, de 39 anos, recebeu três tiros à queima-roupa, disparados pelo ex-marido, Renato Bastos Otoni, de 63 anos. Ex-gerente industrial e aposentado, o assassino cometeu suicídio, supostamente no mesmo dia e utilizando a arma que vitimou a mulher.
CRIMES DE 2017
Levantamento da Polícia Militar revelou que no mês de janeiro ocorreu um homicídio. Já em fevereiro foram quatro e, em março, reduziu para uma ocorrência. O mês de abril registrou três casos e em maio foram cinco.
Nos primeiros seis meses, o número de homicídios em Três Lagoas chegou a 21 e fez com que 2017 fosse considerado o mais violento dos últimos cinco anos. A média de assassinatos na cidade, que possui 115 mil habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 3,5 por mês. Porém, junho se destaca ao registrar sete mortes e concentrar 29% do total de homicídios.
Outro dado assustador é que a quantidade de assassinatos mais que dobrou se comparada com o mesmo período do ano passado, quando nove pessoas morreram. O número também é superior a todo o ano de 2016 que registrou 18 homicídios. As ocorrências apontam que em 2015 foram 16 mortes, em 2014 ocorreram 17 e, no anterior, 19.
(Colaborou a repórter Kelly Martins).
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