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Três Lagoas, 25 de abril

Vítimas de enchente protestam na Olintho Mancini

Pneus velhos e os colchões doados pelo Município foram usados como barreira

Por Cláudio Pereira
30/01/2009 • 06h20
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Mesmo embaixo de chuva, moradores do Jardim Alvorada, vítimas da enchente que atingiu a região na última terça-feira (27), bloquearam parcialmente a avenida Capitão Olinto Mancini em protesto. A manifestação, que contou com a presença de mais de 30 moradores, iniciou logo pela manhã. Por volta das 5 horas, as vítimas começaram a montar a barreira na via – sentido bairro centro -, formada por pneus e os colchões doados pelo Município nesta semana.
De acordo com o mecânico Nelson José Carecho, 53 anos, a manifestação tem como objetivo chamar a atenção do órgão público municipal para a situação das famílias e reivindicar mais investimentos no setor de drenagem. “Queremos que façam a galeria na [rua] Márcia Mendes, como nos foi prometido há um ano. A promessa era da própria prefeita”, disparou. A filha dele completa: “Esta promessa nos foi feita no dia 10 de março do ano passado, quando também fomos vítimas das chuvas”, disse Karina Duarte, 29 anos, também moradora da região, conhecida como “baixada do Alvorada”.
Ela conta que no ano passado, a casa dela foi condenada e teve de ser totalmente reformada por conta das chuvas. “E neste ano, mais uma vez, perdemos tudo”.
As perdas incluem também a do próprio sono. Rachel de Castro Martins Antunes Ferreira, 49 anos, explica que, basta começar a chover para todos saírem da cama. “Não tem como dormir, nesta madrugada, por exemplo, passamos a noite em claro com medo de a água invadir e acabar com o que restou. Em menos de 15 minutos a água já está no nosso joelho, é muito rápido”, desabafa.
Rachel se mudou para o bairro há apenas 10 dias, e em três deles com chuvas, perdeu boa parte dos bens. “Perdemos tudo, minha geladeira, videogame, o receptor da antena parabólica, celulares, mantimentos que estavam na parte baixa e até um freezer. Por sorte, moro em um sobrado, então muita coisa pode ser levada para a parte de cima, outros não tiveram tanta sorte”, disse. Desde o começo da semana, Rachel mora na parte de cima do sobrado, que está inacabada.
Além da construção de mais galerias, os moradores pediram a reabertura de uma galeria antiga, existente na rua Jarí Mercante, que, de acordo com eles, teria sido fechada pela atual administração. “Ficamos alguns anos sem problemas, graças àquelas galerias, agora fecharam. Voltaram os problemas”, disse Nelson.
Muitas vítimas também criticaram a assistência dada pelo Município no dia da chuva. Segundo eles, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social, encaminharam colchões, marmitas e cestas básicas. “Agradecemos, mas não precisamos de comida. Todos nós trabalhamos, podemos comprar nossa comida, o que não podemos comprar é uma galeria”, dispara Karina. Samuel Alves da Silva, 43 anos, concordou e completa: “Queremos uma solução, e rápido”. O motorista vive na região há 15 anos e, segundo ele, em quase todos os anos, sofre perdas por conta das chuvas.
Conforme Samuel, cerca de 60 famílias residem na área mais atingida pelas chuvas. “O número corresponde a uma média de 400 pessoas”, completa.
A presença da Polícia Militar (PM) no local foi agradecida pelos manifestantes. Uma viatura acompanhou todo o protesto, regularizando a situação do trânsito até que o Município implantasse placas alertando sobre a interdição. Além de parte da avenida, a quadra nove também teve o acesso bloqueado por dois carros de moradores.
Em meio ao fervor das palavras de ordem, os manifestantes ameaçaram levar o protesto até o prédio da Prefeitura. No entanto, até o fechamento desta edição, a ameaça não havia se concretizado. A última informação é que ainda ontem, os manifestantes receberam a visita de representantes da Secretaria de Assistência Social e do Ministério Público, outra reivindicação das vítimas. De acordo com Nelson, uma comissão composta de moradores procurou a Promotoria de Justiça para buscar ajuda. O trânsito pela avenida ficou interditado por quase toda a manhã.

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