RÁDIOS
Três Lagoas, 19 de abril

Vítimas do temporal exigem providências do Poder Público

Prefeitura dá marmitex e colchonete como medida de urgência para atender os moradores

Por Danilo Fiuza
29/01/2009 • 06h58
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 O Poder Público teve um ano para tentar resolver o problema; as promessas de solução, feitas à época em que a mesma situação arrasou a vida de famílias atingidas, não foram cumpridas; providências recém tomadas pela Prefeitura Municipal chegam a indignar as vítimas. Estas as reclamações dos moradores em vários bairros da cidade, que foram atingidos pela chuva torrencial que caiu na tarde de terça-feira (27) passada em Três Lagoas.
Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), intensos aglomerados de nuvens que se formaram entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, associado com a circulação anti-horária dos ventos, nos níveis altos da atmosfera, foi o sistema meteorológico que ocasionou o temporal com chuvas fortes, durante o período do final da tarde de ontem, em Três Lagoas. Conforme a imagem de satélite (veja ao lado), as áreas em vermelho mostram formação de nuvens intensas para chuvas fortes. A intensidade da chuva foi de 58.6 milímetros durante o temporal. Os ventos
foram de 36 a 37 km/hora na estação (bairro Nossa Senhora Aparecida), mas em outras localidades foi maior a intensidade.
“É a segunda vez; acabou com minha vida”, desabafou, chorosa e desesperada, a dona de casa Zuleide Duarte Carecho, cuja moradia de número 20, localizada na viela E, quadra 8, no Jardim Alvorada, foi uma das cerca de 20 que foram inundadas pelo grande volume de água advindo do temporal.
A filha de Zuleide, Karina Duarte Carecho de Oliveira, também moradora no endereço, lembra que “no ano passado, depois do temporal que também invadiu nossas casas, essa gente [autoridades municipais] vieram aqui, prometeram providências e passado um ano nada foi feito”. Ontem (28) de manhã, duas assistentes sociais estavam avaliando a situação no local, entrevistando as vítimas da enchente e perguntando suas necessidades. “Ontem [terça-feira], logo depois que a chuva deu uma trégua, por volta das 20 horas, eles [assistentes sociais] vieram aqui e deram uns colchõezinhos para a gente; colchonete que não tem nem cinco centímetros de espessura. Hoje [ontem, 28], retornam e perguntam se a gente quer marmitex. Isso indigna, queremos nossas coisas que foram levadas pela enxurrada e que tomem providências para que isso não aconteça mais”, disse.
Três residências após a de Zuleide, estava Eduardo Rodrigues de Oliveira, tentando limpar os poucos móveis que ainda poderiam ser aproveitados. Com uma mangueira, limpava um estrado de cama. “Sou casado, tenho dois filhos, como é que vou fazer agora?”, inquiriu, recordando que no ano passado, “a prefeita disse que ia resolver o problema, mas olha só no que deu; na da foi feito e a coisa piorou, pois perdemos tudo novamente”. Exigiu: “ou resolve esse problema de escoamento da enxurrada ou tira a gente daqui, arrumando outro local para a gente morar”.
Enquanto isso, uma vizinha de Zuleide, expunha pacotes de arroz (5 quilos), colchão e caixas de alimentos, estragados, na calçada. Nisso, dona de casa Antônia de Aquino, moradora na casa de número 18 da mesma viela, apontou montes de terra localizados em um terreno da Prefeitura, nos fundos da escola Maria Eulália, como um dos fatores para a formação de um “dique”, que represa as águas das chuvas, afunilando a enxurrada para a viela. “Asfaltaram ruas em outros bairros e resolveram depositar a terra retirada aí nesse terreno”, colocou Antônia.
“Depois que a prefeitura mexeu na galeria da avenida Jarí Mercante e retirou os trilhos [grade de captação de águas pluviais], diminuindo a vazão, a situação complicou. No lugar fizeram bocas-de-lobo pequenas, que não comportam o acúmulo de água”, disse Nelson Carecho.

MAIS PROBLEMAS

Em outros pontos da cidade o problema também foi sentido. No bairro Nossa Senhora Aparecida, na avenida Clodoaldo Garcia, entre as ruas Manoel Pedro de Campos e Manuel Jorge, por exemplo, o trânsito ficou caótico por várias horas. Os motoristas se recusavam a enfrentar as águas com medo de causarem problemas mecânicos aos veículos.
No Jardim Angélica, os moradores da rua Getúlio Garcia Marques, foram pegos de surpresa também. Segundo a aposentada Aldivina Alves do Santos, a enxurrada encharcou móveis, roupas e outros objetos. “Mudei há poucos dias para esta casa”, lamentou.

 

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