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Mato Grosso do Sul, 20 de abril

12 fatos que você precisa saber sobre intolerância alimentar

Apesar de não ser um problema perigoso, a intolerância afeta a maior parte dos seres humanos e pode causar muito incômodo. Fique de olho!

Por Redação
10/02/2017 • 11h05
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Intolerância alimentar é a dificuldade que certas pessoas têm para digerir determinados substâncias presentes nos alimentos. Muita gente confunde com alergia, mas são problemas diferentes, a começar pela sua gravidade. A intolerância é bem mais branda e não gera risco de morte.

Mesmo assim, ela pode gerar muito desconforto e é um problema incrivelmente comum. Estima-se que 7 em cada 10 brasileiros apresentem intolerância ao leite, por exemplo.

Apesar de afetar tanta gente, é muito recorrente ter dúvidas sobre o assunto. Por isso, para responder às principais delas, conversamos com a Dra. Maria Julia Carvalho, plantonista do Hospital Albert Einstein e do Hospital Sabará, em São Paulo.  

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1. Quais os sintomas mais comuns de intolerância alimentar?

Diarreia e/ou constipação, dor e distensão abdominal, cólicas, ruídos intestinais aumentados, flatulência, náuseas e/ou vômitos. Como os sintomas se restringem basicamente ao sistema digestivo, eles não são imediatos, e podem aparecer até 72 horas após a ingestão do alimento.

2. Quais os alimentos que geram mais intolerância?

A intolerância à lactose é o caso mais comum e ela se dá pela falta ou diminuição da enzima lactase. Essa enzima é responsável pela digestão da lactose, o açúcar naturalmente presente no leite e em seus derivados.

Outros alimentos também podem levar a sintomas de intolerância por mecanismo diversos. Os principais são: mariscos, camarões e peixes, morango, chá, café, chocolate, glutamato monossódico, tomate, espinafre, ovos, especiarias, pimenta, banana, entre outros. Além disso, muitos alimentos contêm corantes (como a tartrazina, corante amarelo encontrado em balas, gelatinas e sucos em pó), aromatizantes, conservantes intensificadores de sabor que podem também causar sintomas de intolerância alimentar.

3. Qual a diferença entre ser intolerante e ser alérgico?

A principal diferença é o tipo de resposta que o organismo dá quando entra em contato com o alimento. Na alergia há uma resposta imunológica, isto é, o organismo cria anticorpos (conhecidos como IgE), como se o alimento fosse um agente agressor. Esse mecanismo é chamado de sensibilização.

Quando a pessoa ingerir novamente essa proteína, pode haver uma resposta do sistema imune com liberação desses anticorpos e de histamina. Isso explica por que os sintomas da alergia muitas vezes são generalizados e por que a pessoa pode comer um alimento pela primeira vez, não ter nenhum problema e só manifestar sintomas quando voltar a ingerir aquele tipo de comida.

Já na intolerância, há uma dificuldade na digestão de determinado alimento, levando a sintomas principalmente gastro-intestinais. Neste caso, você pode manifestar sintomas já na primeira exposição ao alimento e a intensidade dos sintomas pode variar de acordo com a quantidade de alimento ingerido. Isso é diferente da alergia alimentar grave, em que mesmo uma pequena quantidade de alimento é capaz de causar sintomas bem fortes.

A intolerância pode afetar qualquer indivíduo sem história familiar, acometendo mais crianças maiores e adultos jovens. Já as alergias alimentares são mais comuns na infância e tem um caráter genético, podendo surgir em vários membros da mesma família.

Mesmo assim, os sintomas apresentados podem ser muito semelhantes, dificultando o diagnóstico.

4. A intolerância alimentar pode gerar quais tipos de problemas?

Diferentemente da alergia, que pode levar a reações sérias e fatais – a exemplo do edema de glote, inchaço que impede a respiração – a intolerância não é perigosa. Causa desconfortos digestivos, como cólicas, gases, diarreias e náuseas. A intensidade do quadro depende não só da quantidade de alimento ingerida, mas também de quanto da enzima essencial para sua digestão a pessoa produz. Se o foco do problema é eliminado da dieta, os incômodos somem.

5. Qual a porcentagem da população que desenvolve algum tipo de intolerância alimentar ao longo da vida?

A porcentagem varia muito de acordo com a intolerância apresentada. No caso da intolerância à lactose, por exemplo, pode atingir até 70% da população brasileira adulta.

6. Uma pessoa intolerante pode deixar de ter o problema com o passar do tempo?

Alguns casos podem ser transitórios, mas geralmente não há “cura”, já que o problema é referente à falta de uma enzima que a pessoa em questão não produz.

7. Homens e mulheres são igualmente propensos a ter intolerância alimentar?

Sim, mas há variações de acordo com o alimento envolvido na intolerância. Por exemplo, a intolerância ao glúten atinge tanto homens quanto mulheres, embora seja mais recorrente no sexo feminino.

8. Existe algum grupo de risco que costuma desenvolver intolerância com mais facilidade?

A intolerância depende de suscetibilidade individual e quantidade de exposição ao alimento. Algumas cirurgias que envolvem diminuição do intestino (como a bariátrica por exemplo) ou infecções podem fazer o corpo perder a capacidade de absorver determinada substância.

9. Há alguma fase da vida em que a intolerância é mais comum?

Ela pode afetar qualquer indivíduo sem histórico familiar, acometendo mais crianças maiores e adultos jovens. Em graus diferentes, todo mundo pode apresentar alguma reação alimentar adversa pelo menos uma vez na vida.

10. Como posso descobrir que sou intolerante?

Como os sintomas podem ser vagos e nem sempre são contínuos, é possível que a pessoa passe muito tempo sem descobrir a causa dos desconfortos gastrointestinais. Se você desconfia que é intolerante a algo, pesquise (com base em observação e testes) se existem comidas específicas que disparam os sintomas.

Manter um diário alimentar pode ser bastante útil, pois com as anotações, será fácil identificar os alimentos em comum dos dias em que a indisposição surge. Outra maneira eficiente de achar o que faz mal é, aos poucos, excluir os alimentos suspeitos da dieta até se livrar do mal-estar. Depois, reintroduza-os, um a um, para saber qual deles desencadeia os sintomas.

Ainda não há um teste científico com eficácia 100% comprovada que aponte intolerâncias. Há exames – com o teste de tolerância oral à lactose e o diagnóstico histopatológico da doença celíaca – que podem ajudar na identificação do problema, mas nenhum deles é feito por meio de uma simples coleta de sangue. Hoje em dia, está disponível em laboratórios a análise da concentração de imunoglobulinas Gespecíficas (IgG) no sangue, no entanto a aplicação prática do teste ainda é discutível.

11. Qual médico deve ser consultado?

Gastroenterologista ou até mesmo um clínico-geral, dependendo do caso. Se houver suspeita de alergia, recomenda-se o acompanhamento de um alergologista.

12. Como é feito o tratamento?

Diferentemente da alergia alimentar, em que é essencial banir totalmente o alimento causador, em quase todas as intolerâncias é possível mantê-lo no menu em pequenas porções. Para tanto, é preciso descobrir (usando o método de tentativa e erro) o limiar de aceitação do organismo e evitar ultrapassá-lo. A exceção é a intolerância ao glúten, em que a restrição total é obrigatória.

Nos casos de deficiência congênita da lactose, é preciso banir leite e derivados da dieta. Nos casos adquiridos ou transitórios (por exemplo, após uma diarreia prolongada), pode- se reduzir a quantidade de lactose de acordo com a tolerância individual. Muitas vezes, os intolerantes conseguem ingerir produtos lácteos fermentados, como o iogurte, no qual a lactose é parcialmente hidrolisada. Atualmente, também temos disponível a enzima lactase exógena na forma de cápsulas.

 

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