“As perguntas ingênuas são as mais importantes.” Em linhas gerais, esse pensamento tem aparecido para mim constantemente em livros, filmes e cliques compartilhados no Instagram. E é com base nele que podemos nos dar ao direito de perguntar coisas básicas, mas às vezes esquecidas: como crescer e amadurecer? É possível entender a vida? Como cair nas armadilhas da juventude com mais graça e menos sofrimento?

É de questões como essas que surgiram os longas conhecidos como “Coming Of Age” — em tradução quase literal, “Chegada da Idade”. Eles não tratam apenas sobre adolescência, mas falam sobre períodos de crescimento e transição, nos quais podemos encontrar muitas dores e deslumbramentos. Eles contam histórias de momentos nos quais tudo acontece, e nós não mudamos — ou nos quais nada acontece e mudamos muito.

Mas se nessa trama caberiam muitos contos típicos da adolescência e da escola, escolhemos 8 que falam sobre vida e tempo de formas especiais. Eles valorizam a juventude ao permitirem as perguntas substanciais citadas acima. São eles:

Lady Bird: A Hora de Voar (2017)

Além de ser dirigido e escrito por Greta Gerwig, o longa mostra o amadurecimento de uma jovem mulher, Christine “Lady Bird” McPherson (Saoirse Ronan), ao mesmo tempo que evita os clichês que normalmente são reservados às meninas adolescentes. As tensões familiares e os desejos de vida da protagonista também estão presentes, sem romantizações, mas como parte do crescimento inevitável.

 

 

Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

“Uma hora é preciso decidir por si mesmo quem você será — não pode deixar ninguém tomar essa decisão por você”, diz Juan (Mahershala Ali) a Chiron (Alex Hibbert). Essa frase, no entanto, ressoa de forma diferente na vida de um menino gay e negro norte-americano. A história ainda é contada em três capítulos com três atores diferentes ao longo do filme: uma temporalidade rara que dá outra perspectiva à história.

 

Okja  (2017)

Mija, de apenas 10 anos, cresce num lugar idílico na Coreia do Sul cuidando de uma criatura grande e que lembra um porco, Okja. Quando ela descobre que ele é na verdade um produto alimentar de uma grande corporação, decide tentar salvar seu amigo e acaba tendo que enfrentar o mundo que se apresenta como é.

 

Os Excêntricos Tenenbaums  (2001)

Um dos filmes mais aclamados de Wes Anderson, mas que tem muito mais que figurinos e cenários vintage brilhantes a oferecer. A história mostra que não são apenas os filhos Chas (Ben Stiller), Margot (Gwyneth Paltrow) e Richie (Luke Wilson) que têm que crescer e superar o fato de não serem tão geniais quanto imaginavam. É também toda a família que tem que passar por um amadurecimento em conjunto.

 

Os Incompreendidos (1959)

Quando surgiu, o filme de François Truffaut chamou a atenção pela atuação de Jean Piette Léaud, que tinha apenas 13 anos. Ao invés de enquadrá-lo em uma história sobre as rebeldias da infância, o longa mostra como a juventude é, por essência, um tempo de descompasso com o ritmo da vida comum.

 

Me Chame Pelo Seu Nome (2017)

Baseado no livro de Andre Aciman e dirigido por Luca Guadadnino, o filme se passa no norte da Itália, em 1983. Mas não é de se estranhar que a trama, apesar de distante da maioria das realidades, reflita tanto a descoberta do desejo, da incompreensão e dos segredos do amor durante a juventude.

 

Boyhood: Da Infância à Juventude (2014)

Os longos 12 anos de gravação de Boyhood chamam a atenção por misturarem realidade e ficção. Mas é a passagem do tempo e o fato de que nada muito grande acontece durante as três horas do longa de Richard Linklater que mais impressionam na história. Ver os atores Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke e Lorelei Linklater crescerem é também impactante.

 

 

Hoje eu quero voltar sozinho (2014)

O filme brasileiro dirigido, produzido e roterizado por Daniel Ribeiro conta a história de Leonardo, estudante cego do ensino médio que cresce e busca sua independência. Uma trama delicada e repleta de nuances inesperadas numa temática que poderia cair no lugar-comum.

 

(mdemulher)