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Mato Grosso do Sul, 18 de abril

Celebridades indicam livros de suas autoras preferidas

Qual é a sua?

Por Redação
16/03/2018 • 08h23
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Todo mundo tem uma escritora especial que carrega no coração. Daquelas que inspiram a tomar uma decisão importante na vida ou que simplesmente ajudam a levantar da cama num dia chuvoso. No mês das mulheres, a cosmo convidou um time de celebridades para indicar autoras e suas obras que mais as marcaram

Fernanda Torres, 52 anos, atriz e escritora

Indicação: Clarice Lispector

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“Difícil não pensar em Todos os Contos (Rocco), de Clarice Lispector. Nenhum outro escritor, seja homem ou mulher, é capaz de nos jogar no abismo, no desterro da consciência pura. Clarice me dá medo. E ela é capaz de um feito desses partindo sempre de algo cotidiano, banal, singelo como um ovo, um sorvete, um quarto de empregada ou uma fonte d’água. Nesse sentido, Clarice é toda feminino, a paisagem de seus minaretes se abre no fogão de casa, no corredor de serviço, fora dos grandes campos de batalha, tão afeitos ao macho e ao masculino.”

 

Taís Araújo, 38 anos, atriz

Indicação: Ana Maria Gonçalves

“Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves (Record), foi um livro que transformou a minha vida. Ele tem uma narrativa muito detalhada e é sobre um ponto de vista que não estamos acostumados a ver na literatura brasileira, o da mulher negra como protagonista da trama. O livro é muito emocional, muito bem escrito. Ana Maria tem um estilo de escrever que te prende. Você consegue sentir os cheiros e enxergar os locais onde se passa na Bahia, Salvador e Itaparica, que são lugares que eu conheço bem. Então, enquanto ela descrevia, eu ia para esses lugares e tentava entender como eram no Brasil Colônia. Esse livro me motivou a ler meus pares, as pessoas que se parecem comigo, que têm a mesma origem que eu. E eu comecei a ler um monte de livros escritos por mulheres, que me alimentam, me completam e me impulsionam.”

Nathalia Dill, 31 anos, atriz

Indicação: Ana Maria Gonçalves

“Comecei a ler Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves, quando estava me preparando para fazer a novela Liberdade, Liberdade. Durante a preparação,conversando com outra atriz, a Dani Ornelas, falamos sobre a época que iríamos representar. E ela me falou que tinha um livro que era muito interessante, porque falava pelo ponto de vista dos negros. E assim eu percebi que todo o meu pontode vista, incluindo os conhecimentos adquiridos pelo currículo escolar, partia do ponto de vista do branco. Sabia muito pouco sobre cultura e religião. O livro é contado na forma de diário. Retrata a trajetória sofrida de uma menina que veio para o Brasil escravizada no início do século 19. No livro, é possível compreender como nossa sociedade brasileira se encontra. Ele retrata com uma dura delicadeza o abafamento que a cultura negra sofreu. É possível entendermos que somos fruto de uma sociedade escravagista e que os reflexos desse crime sãolatentes até hoje.”

Vanessa Rozan, 37 anos, maquiadora e fundadora do Liceu de Maquiagem (SP)

Indicação: Naomi Wolf

“Engraçado entender como estamos no meio de uma revolução. Não me lembro de ler um livro de escritora na escola ou faculdade que tenha marcado minha vida. Não era algo a se discutir, livros eram livros e não falavam de gênero. Eis que tive a curiosidade de pesquisar sobre o corpo das mulheres na mídia e comecei pela pós-graduação em semiótica psicanalítica na PUC-SP, onde ganhei uma orientadora que me educou para a pesquisa. Essa foi a primeira mulher que abriu a mata para que eu pudesse ver mais além do cotidiano, e claro que com essa primeira clareira vieram inúmeros livros e autores. Comecei por O Mito da Beleza (Rocco), de Naomi Wolf. Senhoras e senhores, que soco no estômago foiessa leitura. É daqueles livros que carrego embaixo do braço. Está cheio de marcações para encontrar os lugares que mais me deixaram transtornada. Claroque eu já tinha passado pelos básicos feministas, mas Naomi foi a mulher queme fez acordar. No ano passado, tive a chance de ler Calibã e a Bruxa (Elefante),da pesquisadora Silvia Federici. Esse eu digo que deveria ser leitura obrigatórianas escolas! Me causou o mesmo transtorno (positivo, claro) de quando li Naomi pela primeira vez.”

Mariana Ximenes, 36 anos, atriz

Indicação: Rita Lee

“Impossível citar apenas um livro, pois tenho diversas autoras que me inspiram. Uma Aprendizagem Ou O Livro dos Prazeres (Rocco), de Clarice Lispector, é um deles. É uma obra que fala de amor e de uma história que não tem fim. Recentemente li a biografia da Rita Lee [Rita Lee — Uma Autobiografia (Globo Livros)]. Chorei e ri diversas vezes sozinha enquanto lia. Fiquei muito empolgada com a história de vida dela. Que artista, que mulher! E agora estou apegada ao da Milly Lacombe, O Ano em Que Morri em Nova York (Planeta do Brasil). Ela me pegou de jeito. É um livro sobre fim de relacionamento e como você reaprende a amar a si próprio. É muito inspirador, uma leitura daquelas que te pegam do início ao fim. Ler é um hábito meu. Faz parte de um processo de autoconhecimento,reflexão. E essas mulheres que eu citei acima, todas elas, de alguma forma, contribuem para a minha arte e vida.”

 

Fabiana Gomes, 42 anos, maquiadora e porta-voz da M.A.C. no Brasil

Indicação: Hilda Hilst

“A leitura sempre foi um dos meus grandes refúgios, e como é bom poder fugir pra tão longe, ‘Faraway, so close’ pra citar [o cineasta alemão] Wim Wenders. Desde cedo percebi que podia me esconder e me encontrar entre páginas. Depois percebi que podia mais, podia fazer amigos, me vingar, amar, viver outras vidas, me embrenhar pelo infinito e além. Uma das grandes amigas que fiz nas minhas aventuras literárias foi Hilda Hilst. Ela me fez sentir do modo mais explícito e cru que aqueles pensamentos e ideias os quais eu não me atrevia a compartilhar não eram de uma louca, mas sim de uma mulher. Simples assim. Ela é generosa, e te faz se sentir aceita. Em tempos onde tudo está errado, onde o politicamente correto roubou a graça e a espontaneidade do viver, Hilda é um bálsamo delicioso! Nua! Pelada! Sempre surpreendentemente poderosa, íntegra, verdadeira — na prosa, na ficção, na poesia, no teatro. Me tocou e me influenciou de modo tão profundo que às vezes me pego Hilda. Passei um bom tempo escrevendo sem maiúsculas, achava linda e pura aquela fluidez, aquela simplicidade. E tem gente que chama a Hilda de difícil!”

Débora Nascimento, 32 anos, atriz

Indicação: Laura Gutman

“No início da gravidez, li A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra (Best Seller), da psicoterapeuta argentina Laura Gutman. O livro foi um divisor de águas para mim, influenciando a maneira como olhei e tratei a gestação. Especialista em maternidade, Laura fala sobre os impactos energéticos e psíquicos que a mulher sofre quando começa a gerar uma vida dentro de si e se vê mãe e bebê ao mesmo tempo. Afinal, aquela outra “pessoinha” é uma extensão física e psicológica da mãe, sua própria sombra refletida em um bebê,um espelho do que ela é e do que já viveu. Não é um livro técnico ou um guia didático, mas uma reflexão sobre essa relação profunda entre o feto — e, depois, o recém- nascido — e a mãe. Adorei e estou relendo na reta final para a chegada da Bella.”

 

Tainá Müller, 35 anos, atriz

Indicação: Agatha Christie

“São muitas as mulheres na literatura que me influenciaram. Do cotidiano dilacerante de Ana Cristina Cesar à libertinagem transgressora de Anaïs Nin, da vertigem existencial de Hilda Hilst ao humor e à delicadeza de Amélie Nothomb. Mas acho que a primeira autora que me levou a todas elas foi Agatha Christie. Cresci vendo minha mãe ler sobre as histórias de Miss Marple, ou os mistérios desvendados pelo detetive Hercule Poirot. Ela tinha o hábito de ler antes de dormir, e eu, por imitação e curiosidade infantil, acabei incorporando. Aos 10 anos viajava todas as noites para uma Inglaterra distante, cheia de pompa e perigo, onde o chá das 5 poderia estar ocasionalmente temperado com cianureto. Agatha Christie não só fez com que eu me apaixonasse definitivamente por literatura como me levou à decisão de que o que eu queria fazer da vida era contar histórias. E nas horas vagas, talvez, ser bailarina. Exatamente igual a ela!”

Leandra Leal, 35 anos, atriz, produtora e diretora de teatro e cinema

Indicação: Chimamanda Ngozi Adichie

“Para Criar Crianças Feministas (Companhia das Letras) foi o primeiro livro que li da Chimamanda Ngozi Adichie, e depois li todos. Fiquei muito fã! Esse abre a cabeça, faz você se repensar, pensar na sua criação e o que você quer para os seus filhos também. Excelente para mães de meninas — e de meninos, principalmente.”

(mdemulher)

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