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Mato Grosso do Sul, 25 de abril

Desfiles em homenagem à cultura LGBTQ+ roubam a cena na Casa de Criadores

No segundo dia de evento, Weider Silveiro e Felipe Fanaia usaram suas apresentações para desafiar o mundo heteronormativo.

Por Redação
26/07/2018 • 07h59
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Não raro, a passarela da Casa de Criadores tem se tornado palco para manifestações de diversos movimentos sociais em prol das populações minoritárias. No segundo dia da 43ª edição do evento, é a cultura LGBTQ+ que ganha duas belíssimas homenagens. A primeira delas, nas mãos do veterano Weider Silveiro. Seu último desfile tinha sido sobre lugares e bairros de São Paulo que o marcaram. Agora — com styling acertado de Flavia Pommianosky eDavi Ramos –, é sobre as pessoas que habitam esses espaços e fogem a regra da heteronormatividade e da conformidade de gênero.

Weider Silveiro

Não só um olhar para dentro, mas um olhar para o outro. Vem daí o convite feito à ativista e mulher trans Neon Cunha para servir como um tipo de consultora para a coleção. Lugar de fala, né? Com um casting cheio de amigos e representantes dessas comunidades, a coleção é uma representação da pluralidade a parte. Estampas mil, rendas, brilhos e estilos tudo junto e ao mesmo tempo. Tudo moldado aos gostos e necessidades de cada um. A constante é o utilitarismo, as sobreposições e o uso de plástico. Porque, infelizmente, a realidade ainda é dura e pede armaduras, proteções e todo um kit de sobrevivência para levar consigo 24/7.

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Weider Silveiro

Além de Weider, Felipe Fanaia fez algo semelhante. Os desfiles do designer costumam ser um dos pontos altos da Casa de Criadores e dessa vez não foi diferente. Os personagens da cena emo (sim, você leu corretamente, o emo está de volta!) paulistana inspiram o estilista que convocou o grupo Quebrada Queerpara uma apresentação de rap empoderador enquanto o desfile acontecia. Em seu espetáculo, a roupa brinca com o figurino já conhecido — o quadriculado p&b, as jaquetas tipo soldado britânico, o preto –, mas em versão oversized como pede o DNA da marca. De quebra, o casting ainda contava com a participação de ninguém menos que o ícone emo e ex-BBB Serginho Orgastic.

Felipe Fanaia

Quem não usou a passarela para tentar resolver o mundo, tentou usá-la para resolver o seu próprio interior. É o caso de Renata Buzzo. O ponto de partida para as suas criações é sempre tudo aquilo que se movimenta dentro de seu coração em dado momento de sua história. Dessa vez, ela escreveu um texto para elucidar questões mentais e, no emaranhado de suas palavras, encontrou contrastes graves, paradoxos incuráveis e um universo interior muito mais volátil do que o que o mundo a sua volta é capaz de entender ou suportar. Por isso, em seu trabalho obsessivo, ela replica em todas as peças dessa coleção a noção de “esconde e revela”, não como uma brincadeira sexy, mas como uma tentativa poética de resumir em roupa (muito bem construída, pensada e executada) o mar agitado de suas emoções. Isso dá margem para, na passarela, surgirem vestidos cuja arquitetura pesada é construída em cima de texturas intrincadas que fazem contraponto a momentos de leveza e transparência. Com “It’s Oh So Quiet” cantado pela islandesa Björk na trilha, a apresentação ganha ainda mais no fator emocional.

Renata Buzzo

Por fim, a Rocio Canvas — que, na temporada passada criado uma personagem para a sua passarela que misturava moda e décor – agora, a marca abre as portas e vai para a rua. É essa viagem para o mundo exterior e suas intempéries que inspira a estreia do designer Diego Malicheski, que antes fazia parte do Projeto LAB, no line-up oficial da Casa de Criadores: a vista da copa das árvores como quem passeia pelo parque vira estampa e as capas de chuva se desdobram em outras peças que provam que a etiqueta está em seu melhor momento. “Acho que antes eu trabalhava muito com exploração de shapes. Continuo fazendo isso, mas de uma maneira mais realista e plural”, disse à ELLE no backstage. O desfile 100% chic contou com o styling do nosso colaborador Marcell Maia.

Rocio Canvas

(mdemulher)

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