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Mato Grosso do Sul, 28 de março

Estresse durante a gravidez pode afetar crescimento do bebê

Ao analisar mais de vinte espécies de mamíferos, cientistas descobriram impactos diferentes da tensão no início e no final da gravidez.

Por Redação
19/12/2017 • 07h26
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Uma grande pesquisa internacional deu mais detalhes sobre a já conhecida influência do estresse na gestação e na vida futura do bebê. Ao analisar 719 estudos feitos com 21 espécies de mamíferos, o grupo descobriu que o efeito das situações adversas enfrentadas pela mãe varia conforme o período da exposição.

Para começar, eles concluíram que grávidas que sofrem com estresse constante no final da gestação têm filhos que crescem em ritmo mais lento ainda no útero e nos primeiros meses de vida. Depois do desmame, entretanto, a taxa de crescimento tende a se igualar à dos filhotes que não passaram por adversidades.

Já quando o estresse ocorre no início da gestação – e esse é o achado mais interessante do estudo -, o que parece ocorrer é uma espécie de aceleração no crescimento para garantir a continuidade da espécie. Segundo os autores da pesquisa, é como se o bebê fosse reprogramado, ainda na barriga, para uma expectativa de vida mais curta. Isso resultaria em um desenvolvimento acelerado na tentativa de se reproduzir logo.

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“Esse achado pode ajudar a explicar, por exemplo, porque garotas menstruam mais cedo em regiões mais pobres”, comentou o antropólogo Andreas Berghänel, da Universidade do Novo México, autor principal do trabalho. Participaram da investigação também a Universidade de Göttingen, na Alemanha, e o Centro Alemão de Primatas.

Relação conhecida

“Sabemos há pelo menos trinta anos que o estresse influencia na gestação e no desenvolvimento do bebê”, aponta Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. São vários mecanismos envolvidos neste impacto, além dos apontados pelo novo estudo. “Quando está sob tensão, seja pelo motivo que for, a mãe passa a precisar de mais energia dos alimentos que consome, o que limita o repasse de calorias ao bebê”, explica Leite.

Além disso, há um risco maior da placenta envelhecer antes do tempo. A condição, chamada de maturidade placentária acelerada, também é provocada pelo tabagismo e pode prejudicar o aporte de oxigênio e nutrientes ao filho.

Fatores estressantes

No estudo alemão, foram considerados tanto problemas como privação de alimentos quanto alterações em laboratório dos níveis de hormônios do estresse, como o cortisol. Estas substâncias são liberadas aos montes quando passamos por situações desgastantes, que podem ser as mais diversas, especialmente quando falamos de vidas humanas.

Para se ter uma ideia, outro estudo, realizado por uma universidade canadense com mais de dez mil mães e divulgado em agosto, destacou algumas dessas causas. A principal foi ter que fazer algum exame para investigar suspeitas sobre a saúde do bebê, seguida pelo abandono paterno, separações e discussões com o parceiro.

O problema, vale ressaltar, é o estresse constante. “Não é uma fase tensa ou uma briga que nos preocupa, mas a permanência desse estado durante boa parte da gravidez”, aponta Leite. Por isso mesmo, outros momentos podem ter até papel maior nessa história. “A gestante passa por muitas cobranças e metas, além de fatores como desemprego e problemas financeiros, que são grandes motivos de estresse”, comenta Leite.

Resta identificar desde cedo essas adversidades e, quando elas forem inevitáveis, buscar táticas para equilibrar a mente.

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