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Mato Grosso do Sul, 26 de abril

“Existem desfiles demais”, diz Guram Gvasalia, da Vetements

A marca decidiu que, por enquanto, não fará mais desfiles.

Por Redação
05/06/2017 • 07h59
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Há algumas temporadas, vários estilistas começaram a contestar a velocidade com que suas criações estavam chegando ao público e, consequentemente, adotaram o sistema see now, buy now. Apesar de parecer uma resposta lógica ao imediatismo no qual vivemos, ele não solucionou todas as questões que fizeram com que o mundo da moda entrasse em uma espécie de crise no calendário tradicional e na forma de apresentar suas coleções. Questionamentos sobre a relevância de um desfile, sobre a cadeia de produção e qual seria o custo (tanto monetário quanto social) para que uma roupa chegasse às araras logo após aparecer na passarela continuam existindo, e uma das marcas mais populares do momento acaba de tomar uma decisão que pode influenciar diversas outras.

A Vetements não vai desfilar a sua próxima coleção. No lugar, irá mostrar seus desgins em um showroom durante a semana de moda masculina francesa, entre 26 e 30 de junho. A marca, que se apresenta como um coletivo e tem Demna e Guram Gvasalia como porta-vozes, vem desafiando diversos códigos da moda desde que surgiu, então parece natural que ela seja uma das primeiras a tomar uma posição mais expressiva. A etiqueta vinha se apresentando durante a semana de alta-costura, contrastando com os tradicionais desfiles glamourosos.

“Há desfiles demais. Eu acho que isso é um pouco insano. Quando existiam menos marcas, menos desfiles, menos semanas de moda e coleções, desfiles eram algo pelo qual as pessoas esperavam. Agora, parece que existe uma longa semana de moda que nunca para e dura 365 dias por ano. E a rotina acaba com o entusiasmo”, declarou Guram ao portal WWD.

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“Os desfiles de hoje não têm mais nada a ver com roupas. A maioria dos looks nem são produzidos e, consequentemente, nunca chegam às lojas. Desfiles servem meramente para vender um sonho que, no fim das contas, vai vender um perfume ou uma carteira no duty-free”, continuou. A Vetements, com seus desfiles statment em que não-modelos eram escalados e diversas faces da subcultura eram representadas, também sempre usou o formato para vender uma ideia. Afinal, nunca foi sobre o quão incrível pode ser uma camiseta amarela da DHL, mas sim o que significa essa peça em um contexto de moda, na Paris Fashion Week e sendo usada por diversas pessoas. Entretanto, há um foco no produto que, de fato, foi perdido ao longo dos anos.

“Nesta temporada, a coleção é ainda mais sobre o produto. Ela é baseada em peças que achamos que são importantes no armário e não sentimos que elas parecem com roupas de alta-costura, que precisam estar em uma passarela. Demna tem diferentes visões para diferente coleções, e nesta temporada estamos experimentando”. Vale lembrar que, traduzindo do francês, Vêtements significa simplesmente vestuário.

Demna continuará com os desfiles na Balenciaga (o próximo está marcado para o dia 21 de junho), mas, para a Vetements, os irmãos acreditam que eles não fazem sentido. “Mostrar roupas para vender outra coisa não parece esperto ou eficiente do ponto de vista econômico. Nós não estamos vendendo um sonho fashion, estamos vendendo realidade. Como a principal ideia de um desfile foi mal interpretada e, de alguma forma, maltratada, para nós parece uma conclusão lógica não ser parte de algo que não faz mais sentido. Ao não desfilar, queremos trazer de volta o foco às roupas”, finaliza.

(mdemulher)

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