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Mato Grosso do Sul, 18 de abril

O que fazer em caso de violência doméstica no isolamento?

A escalada da violência doméstica durante o isolamento é alarmante no Brasil

Por Redação
07/04/2020 • 15h09
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Depois destas semanas de isolamento, o aumento de denúncias de violência doméstica na cidade do Rio de Janeiro foi de 50%, surpreendendo até mesmo as autoridades da área. O padrão era esperado, contudo. Durante a quarentena, China e Itália também tiveram médias elevadas. “Num isolamento, sobem as tensões familiares”, explica Mafoane Odara, gerente do Instituto Avon, que combate a violência contra a mulher e promove o empoderamento feminino.

Há, primeiro, o medo da situação inédita e inesperada. E o acúmulo de muitas tarefas. Trabalho de casa, tarefas domésticas, as crianças cheias de energia, a preocupação financeira. Essa bola de angústias leva a limites e, se não houver espaço de mediação e diálogo, pode aparecer a violência.

Conversamos com Mafoane sobre as atitudes que devem ser tomadas em tempos de isolamento social. Um aviso ela destaca: “Saia de casa, mesmo durante a quarentena, caso sofra violência. Os órgãos estão trabalhando para ajudá-la como sempre”.

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Como a vítima deve agir em caso de violência? 

Uma coisa muito importante para a gente entender é que uma mulher que está numa relação abusiva se sente muito sozinha. E, na situação que vivemos atualmente, isso se intensifica, o sentimento de solidão é maior. O silêncio e o isolamento são os maiores aliados da violência. Precisamos lembrar da capacidade de aproximação da tecnologia. Há os chats de conversas e aplicativos desenvolvidos para atendimento jurídico e psicológico. O Conselho Federal de Psicologia já autorizou os atendimentos a acontecerem virtualmente. E também o lado das pessoas queridas. Ligar para as amigas diariamente, trocar sobre situações que acontecem dentro de casa. É fundamental estabelecer uma rede de apoio, mesmo que virtual.

Apesar desse apoio virtual, se for necessário, a mulher deve sair de casa? 

É importante lembrar que não existe só violência física, mas também psicológica. E a mulher deve ter um plano de segurança, um conjunto de ações para se proteger e proteger a família. Se se sentir em risco, ela deve ir para uma área perto de porta ou janela, uma rota de fuga. A mulher não deve ir para locais com armas em potencial, como facas ou ferramentas. Também é recomendado deixar na discagem rápida o número da polícia, que continua funcionando normalmente. Caso tenha vizinhos confiáveis, salvar o número deles para ligações de emergência é recomendado também. Além disso, sugerimos deixar pronta uma bolsa com itens importantes, como dinheiro, documento, roupas, alimento. Então, o isolamento deve ser quebrado em qualquer tipo de emergência, como é um pedido de medida protetiva. Os órgãos responsáveis estão de plantão, a mulher precisa apenas pesquisar o endereço para onde deve ir. Em São Paulo, um programa recente da prefeitura garante auxílio-aluguel de 500 reais para mulheres vítimas de violência ou ainda há a Casa da Mulher, iniciativa estadual para atendimento e acolhimento.

E como agir com os filhos? Eles devem ir junto? 

Muitas crianças presenciam o processo de violência. Os filhos sabem que tem algo errado e é importante discutir isso com eles, e não esconder. O importante é trazer elementos para a conversa que façam a criança entender o que está acontecendo. E destacar que há uma relação entre os pais e outra entre eles – nem sempre situações de violência envolvem as crianças. A saúde emocional dessa criança deve ser bem preservada. Contudo, informe às crianças o que elas devem fazer caso a violência se confirme, explique a quem devem pedir ajuda. Muitas crianças hoje já ligam para o 180, por exemplo.

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