O terceiro dia de desfiles do SPFW começou com Reinaldo Lourenço, e podemos ler o verão 2019 do estilista como uma grande homenagem à imagem do cinema. A própria locação remetia isso — um espaço em construção, meio apocalíptico ou futurista, num prédio próximo à Av. Paulista, com grandes janelas que serviam para delinear e destacar silhuetas, como um bom contraluz cinematográfico.
Reinaldo fala especificamente sobre “Morte em Veneza” (com os vestidos de inspiração Vitoriana, blusas brancas rendadas e listras navy), “De Olhos Bem Fechados” (com make de máscara, longos pretos de seda e looks de alfaiataria masculina), e “Sid & Nancy” (com peças xadrez em referência ao uniforme punk de Sid Vicious). Muitos outros, porém, também podem encontrar desdobramentos na coleção. O look de calça e camisa prateada pode facilmente ser uma interpretação de algum clássico de ficção científica. As camisolas com cara de século 19 podem ter vindo de “O Estranho Que Amamos”.
Como todo bom filme, moda é mais interessante quando instiga a imaginação, conecta passado, presente e futuro. Bem como o estilista conecta aqui suas referências às trends quentes do momento (os anos 1980, as formas soltinhas, o estilo vitoriano) e sua própria identidade.
Completando três anos de marca este mês, a já reconhecida Modem, de André Boffano e Samuel Santos, estreia nas passarelas do SPFW. O duo apresenta o verão 2019, que chegará em agosto na loja própria, contando com modelo de bolsa novo, a Modem M2, e colaboração com a marca de acessórios Gla Influenciados pela estética do Memphis Group e do seu fundador, o arquiteto austríaco Ettore Sottsass, os estilistas colocaram mais cor nas roupas desta vez. E abriram os decotes e os recortes nos já esperados vestidinhos assimétricos para montar uma coleção mais leve.
As clientes fieis ainda podem contar com as peças mais estruturadas, a alfaiataria bem feita e os ilhoses, assinatura da grife. Mas as argolinhas, desta vez, balançam nas franjas de saias mais sexy, bem livres, leves e soltas.
A coleção de Fernanda Yamamoto reflete a natureza e a arte. A estilista se inspirou naquilo que aprendeu com a comunidade agrícola Yuba. Lá, a filosofia ensinada é a de que cultivar a arte é tão importante quanto o trabalho na roça. Com uma coleção praticamente inteira construída com uma espécie de organza plissada que tem textura parecida com as as nervuras das folhas, a estilista dá forma orgânica às suas peças. Assim, tinge seus primeiros looks com tons de verde, amarelados e o rosa e violeta encontrado nas flores. Lindos os vestidos feito de tricô e macramê que incorporam delicadas fitinhas em sua trama.
A surpresa dessa apresentação fica para o trabalho da estilista com a coloração de seus materiais. Os tons dos looks monocromáticos são suaves e românticos mas o destaque fica por conta dos lindos vestidos do fim com camadas de organza transformadas com tingimento aquarelado que formam a cartela do arco íris. Para fechar, Fernanda teve a delicadeza de trazer mulheres da comunidade para desfilar dando mais vida e verdade para essa experiência.
O projeto TOP5 apresenta talentos de diversas partes do País em uma única apresentação. Destaque para a marca LED, que mostrou uma coleção colorida, recheadas de sobreposições e boas ideia e ainda colocou Linn da Quebrada na trilha.
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Já Fabiana Milazzo viajou ao Peru e de lá trouxe novas ideias para seu trabalho artesanal focado principalmente em moda festa. A estilista se encantou especificamente pelas técnicas das comunidades locais das ilhas flutuantes de Uros, no lago Titicaca, na cidade de Puno. O desfile abre com longo coberto pelos bordados, aplicações e camadas de teares manuais multicoloridos bastante característicos daquela região. O mais interessante é o contraponto urbano criado quando o styling combina top do mesmo material com calça preta lisa ou uma saia trabalhada e t-shirt urbana.
Nesses tempos difíceis para o mercado de moda o trunfo de Fabiana é dominar técnicas cada vez mais raras como essa, conseguindo atrair suas clientes para comprar produtos tão especiais e ainda apresentar de uma forma que seja coerente com sua rotina do dia-a-dia
O “desfile” da Memo em parceria com Isola foi cheio de alegria e de novidade. Quem está acostumado com a fórmula tradicional (modelo que passa, modelo que volta) ficou de cara com a apresentação, mas quem estava aberto para o novo teve a oportunidade de ver a roupa esportiva em seu habitat natural. Sendo usada por quem dança e se diverte ao se movimentar. Ao mesmo tempo em que conseguiu mostrar as suas propostas de moda com clareza – um sporstwear inteligente, com design, estamparia e delicadeza – a marca ainda provou que há mil maneiras de apresentar uma roupa. Bravo!
Fechando o terceiro dia de SPFW: Amir Slama. Sua formação em história trouxe a referência do Palácio Imperial para o moodboard da temporada. A moda praia do designer chega fazendo alusão à arquitetura do edifício além da tropicalidade característica de seu trabalho. Na cartela, entram tons de verde, coral e preto. Tudo para fazer com que suas peças não se limitem às areias e corram para as festas mais badaladas da vez.
(mdemulher)
